ALZHEIMER

“Terva”(como era carinhosamente chamada ),era o apelido de Etelvina. Uma mulher forte, de expressão meiga,ora perdida em seus pensamentos,ora falando sozinha...

Ela era alta,morena,com seus cabelos completamente grisalhos preso em um “coque” no alto da cabeça.Morava no fundo da casa do filho mais velho.

Tinha lá seus 70 e poucos anos,quando num dia qualquer de sua vida, foi descoberta esquecendo coisas inesquecíveis.Trocava nomes,esquecia fogão ligado,se alguém ficasse alguns dias sem que ela o visse,ao ver a pessoas ela perguntava:

-Quem é você???De onde eu te conheço?Eu te conheço?!(Estava com Alzheimer).

Um dia depois de algum tempo,ela começou a reclamar de dores no pé.surgiram inchaço,calor, manchas na pele e veias salientes,e ela dizia que dor era mais intensa quando ficava de pé e diminuía quando se deitava.Seu filho,insistiu e conseguiu leva-la ao médico.Então após os exames exigidos pelo médico,veio o diagnostico: “Terva” estava com trombose no dedo do pé, corria o risco de ter que amputar...

Seu filho assustado, esquecendo-se de que ela o estava ouvindo,falou alto para o médico:

-Minha mãe vai ter que cortar o dedo fora???Ah...isso não doutor!Coitada.Ela tem que passar por mais isso?

O médico deu uma receita indicando os remédios que ela deveria tomar,e que depois ele deveria retornar com ela, para ver se havia melhorado, sem que precisasse fazer a tal amputação.

Já em sua casa,o filho percebeu que sua mãe estava quietinha.Foi ver onde ela estava e o que estava fazendo.A encontrou sentada na soleira da porta com uma faca de serra na mão.Esfregava no dedão do pé e o sangue escorria pelo chão...

-Mãe!O que a senhora está fazendo?

-O médico disse que ia ter que cortar para parar de doer,e que eu posso morrer se essa doer subir...

Wal Ispala
Enviado por Wal Ispala em 08/08/2014
Reeditado em 09/08/2014
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