A Folha de Hortelã

Vi algumas folhas de hortelã dentro de um pote com água, quando me ocorreu de lançar-me o desafio de escrever sobre essa planta da qual eu quase nada sei, embora já tenha ouvido falar muito sobre suas propriedades medicinais e aplicações culinárias.

É sabido que essa foliácea é rica em cálcio, ferro, fósforo, potássio e vitaminas: A, B e C, podendo ser utilizada também para o preparo de remédio caseiro para auxiliar o combate a problemas digestivos. Ela contém ainda propriedade antisséptica, anestésica e tranquilizante. Isso para citar apenas algumas de suas qualidades terapêuticas.

No preparo de alimentos, principalmente à base de carne, ela é muito apreciada, encontrando aplicações outras, como, por exemplo, o apreciado e refrescante suco de abacaxi com hortelã.

Mas além das propriedades acima enumeradas, encontradas facilmente no amplo universo da internet, eu buscava conteúdo relatável nos aspectos físicos, por serem estes mais favoráveis à minha ignorância fitogênica.

Enquanto estava ali a contemplá-la, alguém passou e perguntou: — que folhinha é essa aí Rafa?

— É uma folha de hortelã e está sob observação, respondi. A colega então me disse:

— É Rafa, você não está batendo bem mesmo não. Deixe-me levar o seu copo para encher?

No caminho falou para uma outra colega: — O Rafa está bebendo folhas. No que maldosamente e em tom de zombaria, a colega respondeu: — Enquanto tiver bebendo ainda ta bom.

Não dei importância a esses comentários, pois sei que há biólogos, bioquímicos, cientistas e tantos outros que investem esforço e tempo a pesquisar coisas mínimas, porém de grande interesse para a sociedade. Por isso não reputo loucura abstrair-me da superficialidade no trato com as coisas e observar algo mais detidamente, em busca de informações relevantes.

Quando retirei a folha do meio líquido em que se encontrava, ela se apresentava rija, viçosa, de verde acentuado na face e um verde mais discreto no verso.

Dado o aspecto vigoroso da folha, foi-me possível observar dados físicos curiosos a seu respeito. O seu pecíolo robusto, seguido de nervadura principal bem definida, assim como as nervaduras secundárias, tal qual o tronco e galhos de uma árvore. A lâmina composta de centenas de pequenas protuberâncias rugosas, a borde de uma irregularidade harmônica e ápice arredondado.

A lentidão das minhas percepções foi tamanha, que a folha não estava mais resistindo a tanto tempo exposta e sem hidratação.

Como eu não poderia desprezá-la, depois de expô-la por tanto tempo à minha indiscreta observação, não julguei justo descartá-la. Ingeri-a absorvendo assim, além das informações aparentes, suas propriedades fito-terapêuticas.

Interessante constatar que ao nos dispormos a uma observação mais detalhada de alguma coisa, mesmo que aparentemente sem importância, ou insanas, como enxergam alguns, são possíveis constatações altamente reveladoras.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 02/10/2014
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