Senti hoje as mãos aveludadas de Deus

Embora pratique outras atividades físicas, a corrida de rua é o meu exercício preferido há pelo menos 33 anos.

Tenho um plano informal de treinamento, preferindo exercê-lo logo no início da manhã. Antes mesmo de ir para o trabalho.

Como opto por percursos de variados graus de dificuldade e em variadas regiões da cidade, eu os tenho todos, assim como os treinos e tempos, anotados em planilhas excel.

É natural que antes de sair para os treinos haja uma certa expectativa quanto aos ânimos e a previsão de tempo necessária, para cumprir o trajeto proposto.

Há uma mentalização e a indispensável canalização de esforços no sentido de cumprir o percurso dentro do tempo previsto. Expectativa essa nem sempre satisfeita, tendo em vista que, embora a mente assim o deseje, o corpo não acompanha. É como se o corpo estivesse boicotando, “fazendo corpo mole”.

Na capital mineira a madrugada de 06/10/2014 estava gelada. Motivo maior ainda para um aquecimento mais efetivo.

Uma vez aquecido, iniciei, despretensiosamente, as primeiras passadas para cumprir um trajeto já estipulado de 8,1Km. Trajeto esse composto de 1,5Km de descida na ida e os mesmos 1,5Km de subida na volta. Os 5,1Km intermediários é de um trecho praticamente plano.

Já a partir dos 100 metros iniciais, percebi que o meu corpo era impulsionado à frente. Minhas pernas aceleravam mais do que o meu cérebro comandava. Era como se elas estivessem me apressando, para que eu saísse da zona de conforto e aumentasse a velocidade do treino.

Intrigado com esse fenômeno, passei a observar todo o contexto do meu corpo e passei a imaginar que as mãos de Deus estavam a me impulsionar. Até pude senti-las tocando-me delicada e suavemente.

Maravilhado, procurei integrar corpo e mente na mesma sintonia. Ajustei a minha respiração às frequências de minas passadas, deixei fluir.

Procurando manter sempre o mesmo ritmo fui até o ponto de retorno, o qual é coincidente com a metade do percurso. Contornei o marco intermediário e mantive sincronizados corpo e mente, assegurando assim passadas ritmadas e decididas até o ponto de chegada.

Como de praxe, ao chegar, acionei o comando do relógio, parando a cronometragem do tempo.

Nesta segunda-feira – 06/10/2014, fiz o meu melhor tempo de todos os tempos para este percurso.

Que Deus seja louvado!

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 06/10/2014
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