Domingo pela manhã e ela, cansada, ainda dormia, seriam umas nove da manhã. Estava sentado na poltrona da sala de estar, descalço. De manhã ando descalço dos pés. Às vezes ando descalço da vida. Não era o caso. Lia o jornal. Mas quando a campainha tocou, senti-me mais descalço ainda. Desprevenido. O toque fora muito sutil, mas sonoro o suficiente. O tempo de me calçar foi insuficiente para pensar quem estaria à porta. Não me penteei, que estava penteado e barbeado.Não são horas de entregas, funcionários  ou parecido. Enquanto atravessei o corredor, pensei nalguma visita de pregadores itinerantes. Encostei a mão à chave e a cabeça à porta. Abri com um sorriso de acolhimento. Depressa se transformou em sorriso de admiração e surpresa. Ou constrangimento. A minha sogra. Era a minha sogra....