PÃO MOLHADO

Pão Molhado

A rua estava deserta, e a sombra mais pesada da noite ainda se em encontrava nos becos estreitos, e no terraço da casa paroquial, e no mercado municipal.

Certo homem, contava para seus filhos estória que lhes pudesse fortalecer em sua formação de caráter. Eram pequeninos, assentados no pó do chão batido, da velha casa de taipa; Ali ficavam com olhinhos bem esbugalhados, atentos a sonhar. imaginando em sua vida a lição que aquela estória lhes traria. Com as falas, gestos, meneios e trejeitos, Seu Tibúrcio prendia lhes toda atenção, até mesmo de adultos que aproximassem e ousassem escutá-las.

Discorria assim, o velho Tibúrcio:

__ Joana querida, fique aqui bem peto de mim e me ajude, caso eu me esqueça de algum detalhe, alguma façanha. De manhã, bem cedinho ainda escuro, via-se aquele vulto negro aproximar-se, com uma capa, um trapo velho, que sob algum reflexo avermelhava. Um enorme capuz sobre a cabeça e transportava algo que não lhe pertencia. Chegava de porta em porta, ia deixando dependurada uma sacola. Corria leite, corria sangue, entre os trovões e relâmpagos daquela noite, e desaparecia como flecha! Continuava Tiburcio, desde que eu me entendo por gente, criança alguma se arriscou mexer naquelas sacolas dependuradas nos portões ou nas portas. Era sabido que o filho de Zé de Sabino ficara com mão ressequida, os dedos entrevados porque fortuitamente ensejou ver o que continha na sacola da casa paroquial. Às vezes um cachorro começa a latir ,querendo enfrentar, mas, logo logo, balançava o rabo fino cessava o latido, vai se aquietar num canto qualquer sobre os caçoas arrumados ao lado da casa de Seu Lodegário, que era um velho tropeiro.

Sabia-se que homens de coragem como o pescador Damião, já havia se borrado de medo ao deparar-se com o aspecto e voltado, correndo assustado pra dentro de sua casa, sem nemsaber explicar direito o que vira, deixando para ir ao trabalho, quando o dia clareasse totalmente. Havia naquele tempo, um homem cego de um dos olhos o nome dele quase nem me lembro mais! ¬¬

__ Como era o nome dele Joana? Esse era o único que não tinha medo,com ele nada de ruim lhe acontecia, fosse qual fosse a hora do dia ou da noite.

__ Você inventa suas estórias e ainda por cima me escala pra ficar de plantão, pra corrigir seus erros. Ora vai se danar, Tibúrcio, vê se me deixa cuidar de meus afazeres!

__ Ah sim! Me lembrei, era o coitado do Caoio. De onde ele tinha vindo ninguém sabia ao certo, comentava-se que ele era de uma família remediada, lá das bandas do Crato de Padim Padre Cícero. A Maioria das pessoas dali, nem ligava, mas, bem que gostavam de usufruir de sua prestatividade, seus préstimos, o que o coitado, nunca negava a seu ninguém era favor algum.

Religiosamente, ele prosseguia, rua abaixo, rua acima, em seu ofício.

__ Olha o pão quentinho, Seu José das cabaças! Olha o pão, Seu Gaudêncio, barbeiro! Olha o Pão ainda quentinho, Dona Minervina! Eu sei que a senhora já está de pé, pois a senhora sempre acorda com as galinhas! Olha pão quentinho!

Antes que ela respondesse adiantava-se perguntando:

__ A Sra, Já tem um pouquinho de café pro nego velho cego de um olho?

Calmamente ela respondia lá do fundo da casa:

__ Já sim, Honorato! O leite ainda não ferveu mas o café é sagrado! Pode pegar você mesmo sobre o fogão.

Arriou o balaio, que era coberto por pano de saco de algodão muito branquinho e limpo, e foi até o fogão a lenha, e alcançou uma enorme chaleira de ferro, e serviu-se de café.

__ Dona Minervina, eu já vou indo, senão me atraso e isso nunca aconteceu comigo não ,e não vai ser hoje!

_ Bem sei Honorato, apesar de seu problema de saúde, todos sabem que você é um rapaz responsável e honesto.

Muitos dias se passaram, mas determinado dia ainda de madrugada, chuva forte se abateu sobre aquela cidade. As ruas estavam encharcadas, com muitas poças d água, mesmo assim lá vinha o preto Honorato, o Caoio, com seu enorme cesto, andando apressado, parando de porta em porta e deixando uma sacola de pão. Ao virar em frente à capelinha, o coitado escorregou na lama levando um magnífico tombo. O cesto pão virou e grande quantidade do produto molhou.

Assentado ao lado cesto no degrau da capelinha, chorava desolado, porque falhara, e naquele dia certamente não poderia atender satisfatoriamente a seus clientes.

De epente, assustou-se, quando sentiu a mão no seu ombro. Uma voz amiga e conhecida, esra Dona Minervina.

__ Calma Honorato, Eu sei que você não enxerga lá, muito bem, Mas sou Eu! Venha vamos, vou te ajudar, não chore não, pra tudo tem jeito!

Pegaram ainda, muitos pães umedecidos e puseram de volta ao cesto e ele mesmo envergonhado, prosseguiu a entrega.

Ao amanhecer, fregueses mais exaltados, como a dona Porcina, uma velha ranzinza e fofoqueira; já estavam à porta esperando o Caoio passar, para fazer-lhes a devida e justa reclamação. Diziam até, que ela era mulher macho, metia medo até nos homens, e as outras mulheres se tremiam todas quando ela estava por perto.

__ Olha aqui, Seu Pão Molhado, vê se toma um jeito não sai por ai escorregando! Pão molhado ninguém merece, já pagamos tão caro!

__ Me desculpa dona Porcina, nunca mais vai acontecer!

Depois veio o Seu João Belizário, que já havia presenciado o escraxamento de Porcina, se encheu-se de moral e também soltou sua alfinetada dizendo em tom ameaçador:

__ Seu Caoio, bem podia pagar o prejuízo, seu negrinho Fu!

__ Me desculpe o Sr também Seu Belizário, foi sem querer!

O apelido caiu nas graças tanto de alguns adultos quanto da criançada, que passaram a persseguí-lo sem trégua. Alguns pais achavam bonito seus filhos mexerem com o coitado e se riam, e nem se quer, repreendiam aos filhos, se deliciavam vendo a irritação e nervosismo do rapaz.

Repetia-se o ritual, tão logo o moço,o pobre Caoio aparecesse. Os adultos se divertiam as custas do infortúnio , daquele ser aparentemente querido de todos, mas a verdade é que todos se divertiam coma sua deficiencia.

Havia passado as chuvas o sol agora castigava e lá vinha Pão Molhado descendo a rua e logo mais atrás alguns meninos que o apelidavam e faziam chacota e empurravam o coitado.

_ Pão Molhadôdô! Oh Pão Molhadão! Oh Pão Molhaçooooo!

Vendo que rapaz que sofria também de uma síndrome e ficava muito irritado, continuavam até levá-lo ao extremo e conseguiram.

Pão Molhado pôs o cesto ao chão, ameaçou pegar uma pedra para atirar nos meninos, mas eles sabiam que ele não tinha boa pontaria nem queria de fato acrtá-los, apenas mante-los afastado. E ficavam se desviando para a direita ora para a esquerda. Os adultos riam e até atiçavam os meninos para continuarem irritando o pobre Caoio.

_ Dona Minervina, eu já não agüento mais o povo todo dessa cidade, mexendo comigo, parece o mundo inteiro virou-se contra mim e estou enlouquecendo, me ajuda!.

Ouvia-se ainda ao longe, os gritos e xingamentos.

_ Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô! Pão Molhadoô.

Passado uns tempos, alguns moleques, mais afoitos puxavam a roupa velha que ele vestia, chegando a rasga-la. Nesse instante o preto Honorato, arriou o cesto apanhou algumas pequenas pedras e pôs-se a atirar essas pequenas pedras na direção aos meninos que corriam e se espalhavam e se escondiam. O Joãozinho, um dos meninos mais afoitos fora atingido por uma das pedras, sendo socorrido imediatamente, mas com os precários recursos da época, alguns dias depois foi a óbito. Então foi aquele rebuliço na cidade. Diziam Pão molhado assassinou uma criança, que cruel.

Pão Molhado entrou em crise profunda o coitado não queria ter atingido o Joazinho. Dai, não mais pode trabalhar foi despedido e chorava o tempo todo. Umas das únicas pessoas que acreditavam na fatalidade, o consolava era Dona Minervina, e dona Mltides, mas essa morava tão distante, que o pobre ,Caoio só podia se lamentava do ocorrido com o pequeno Joãzinho, no ombro de Minervina.

Ainda assim, diante do ocorrido ele ainda gozava do carinho de outras pessoas anonimas da pequena cidade, que o admirava e sabiam que o ocorrido se podia ter sido mesmo uma fatalidade.

__ Olha, minha gente o coitado do Honorato é debilóide, desorientado mental, o coitado sofre de uma deficiência depressiva não se deve levar a sério o que ele fez, não vê o estado do coitado! Estou certa de foi uma fatalidade, embora inrreparável!

Os mesmos que atiçavam e se divertiam com Pão Molhado, agora com fúria viravam-se contra o mesmo, e Pão Molhado foi preso e foi levado a júri popular. Não havia naquela cidade quem aceitasse sua defesa, pois a vítima pertencia a gente influente da cidade.

Por esses tempos Dona Minervina havia convidado seu primo a ir a sua casa,ele era advogado, entretanto não gozava de prestígio, e quase sempre perdia causas que pegava, por causa do alcoolismo, e ele já estava pensando largar a advocacia e mudar de profissão.

__ Oh Pedro! Sei que você não se dar muito bem nesse ramo de advogado, já está até pensando mudar de ramo, mas eu te peço encarecidamente, pegue o caso do Honorato.

_ É verdade Minervina, estou mesmo decepcionado, por aqui todos riem de mim. Ninguém mais me procura, só vão atrás dos apadrinhados políticos até mesmo agora com esse juiz durão que chegou aqui! Falam que é durão, mas que é acima de tudo honesto.

_ Olha Pedro, eu na verdade te chamei aqui porque quero te pedir esse favor, nem que seja o último. Voce tem conhecimento da estória de Pão Molhado?

_ Mais ou menos Minervina! Sei que ele atirou uma pedra que veio a ferir mortalmente um menino filho do Anastácio, influente fazendeiro daqui da cidade!

_ Olha! O coitado vai a júri popular e não tem um advogado, temo que o juiz indicar um dos parentes da vitima para defende-lo. Por isso eu estou pedindo que se apresente como o advogado de Pão Molhado.

_ Mas Minervina o meu descrédito é tamanho, que vou servir de chacota perante o magistrado e a população desta cidade.

_ Faça um esforço! Um esforço maior que já fez na sua vida! Vê se nesse dia não bebe e todos nós que te conhecemos estaremos lá para te apoiar.

_ Pedro como era chamado, muitos já haviam esquecido que ele era Dr.Pedro, foi à cadeia e conversou com Pão Molhado e se inteirou dos fatos com a mais pura e clara verdade.

Chegado o dia do julgamento o que não demorou muito, a cidade estava em polvorosa, reunida diante do salão da pequena prefeitura, uma multidão aguardavam julgamento,o veredicto, queriam ver a sentença.

Chegou montado em uma mula gorda, o juiz Manoé, vindo a pouco tempo do Juazeiro de Padim Padre Cícero, era reconhecidamente austero cujas duras sentença com que condenava os réus, já havia feito cair o alto índice de assassinatos nas cidades por onde pasou. O promotor Adalberto no seu jumento cardão (da cor da vegetação dos campos)com um charutu grosso entre os lábios, e os advogados de acusação ambos, parente da vítima, um deles montando uma égua cinzenta, e o outro a pé, com uma bengala na mão direita e sobre sua cabeça um chapéu panamá. Todos adentraram ao salão, inclusive o réu, entre duas praças armadas de espingardas e cassetetes, e várias testemunhas de acusação, todos aguardavam a chegada do advogado de defesa, o qual se demorou tempo demais a aparecer.

Quando Pedro, adentrou ao recinto chamou a atenção de todos, ninguém se lembrava mais de quando o tinham visto de terno e gravata e ficaram admirados. Perguntavam-se serésse o advogado de defesa, então coitado do Caoio, vai pegar a pena máxima.

O juiz Manoé, dá inicio a sessão, com o promotor Adalberto lendo o processo.

_ Sr Honorato, o Sr tem ciência e concorda com os fatos aqui apresentados?

Entre lágrimas, Pão Molhado concorda, balançando a cabeça, mas o juiz exige uma resposta falada e repete a pergunta.

__ Sr Honorato, o Sr concorda com o que aqui foi lido a seu respeito, me responda com SIM ou Não!

Conforme orientado pelo advogado, Pedro , Caoio respondeu.

_ Siiim, meritíssimo.

O juiz passou a palavra para a acusação que discorreu muito bem em difamar pobre deficiente Caoio

Cabisbaixo, Pão Molhado o Caoio, chorava sem parar. A população estava eufórica, mas dividida. Uns achavam que assim é que se fala, vai dar uma pena braba pra ele aprender. Outros num entanto diziam:

__ Mas que infâmia, o coitado não merece isso. Bem verdade que não se pode tirar a vida de uma criança, mas, aqueles meninos eram uns pestinhas e o ocorrido foi mesmo uma fatalidade, esse coitado tem bom coração.

Os advogados de acusação falaram até se cansarem daí o juiz passou a palavra para o advogado de defesa.

__ Senhor, Dr Pedro, advogado tem a palavra de defesa!

__ Muito obrigado meritíssimo!

E levantou-se, e pôs-se a caminhar em frente a mesa de audiência, sem pronunciar uma palavra se quer, por mais ou menos meia hora.

Interpelou o juiz:

_ Senhor advogado de defesa, Dr Pedro, estamos aguardando a sua pronuncia, a sua defesa!

O advogado de defesa, não respondeu e permaneceu silente, o que foi deixando os jurados impacientes, até alguns presentes curiosos já murmuravam impropérios contra o Dr Pedro.

Já transcorria mais de uma hora, e o próprio juiz, estava impaciente e batendo com o martelo bem forte sobre a mesa, levanta-se e argüi com firmeza o advogado de defesa..

__ Senhor advogado, o que é que está havendo, não posso compreendê-lo. Este júri deseja ouvi-lo

Os outros advogados cochichavam entre si baixinho, rindo-se do advogado de defesa e já se consideravam causa ganha.

Nesse momento, o advogado de defesa aprumou-se nos ombros e com voz forte falou sendo ouvido por todos.

__ Isso aí Meritíssimo, este é momento que aguardávamos. Meritíssimo, em sua humana compreensão é capaz de entender, pois em apenas pouco mais de meia hora, irritou-se com meu silêncio ao ponto de bater muito forte o martelo contra a mesa. Este pobre homem deficiente, outrora amado por todos de seus préstimos, teve a infelicidade deste desatino. Durante toda a sua vida foi alvo chacota dos adultos e crianças, chegando ao ponto de pedir clemência e ajuda a uma Senhora desta cidade, que sempre o acolheu com carinho. Em várias ocasiões, expressou o seu desejo de ir embora pelo mundo, como fizera quando garoto, a muitos anos, da casa de seu pai e do convívio com os irmãos os nunca os esquecera. Aqui ele viveu a agonia de ser ultrajado e humilhado, por adultos insensíveis atiçavam as crianças contra ele, o transformara também em vitima dessa sociedade sem coração. Imagine só, esse coitado sendo apelidado por anos a fio, por crianças e adultos, sem se quer levar em conta sua deficiência, nenhuma pessoa normal suportaria. Por isso, Meritíssimo, concluo a minha demanda, ciente de que a vossa consciência, e a destes honrados jurados se fará mercê de clemência, concedendo a este pobre desorientado homem a sua liberdade.

Fez-se grande silêncio, os acusadores pareciam estarrecidos e nada falaram. O povo atônito, ansiosos, a aguardar as palavras de sentença ou de liberdade, mas, e ouviram: __“condeno o Sr Pão molhado a pena alternativa de zelar do túmulo do garoto o qual feriu de morte, por todos os dias de sua vida”.

Alguns familiares do garoto ficaram indignados, mas a própria mãe ficou satisfeita e perdoou Pão Molhado, que daquele dia em diante passou conseguir nos jardins das casas, lindas flores que não deixava faltar e aquele por muitos anos a fio era o túmulo mais bem cuidado daquele cemitério.

Pensem, e pasmem! Um dia uma multidão atravessava o velho Chico e aportava em Belém, muitos vinham das caatingas, outros de Canabrava, Arnipó, Ibó. Parecia época das novenas da Igreja católica, mas, não era. Souberam que o túmulo daquele garoto se encontrava descuidado e esperavam uma reação do Juiz ao não cumprimento por parte de Pão Molhado de sua tão simples sentença. Ficou-se sabendo que Pão Molhado se encontrava muito doente, doente de morte e fora recolhido pelo Meritíssimo a sua residência. Daí a surpresa do povo era muito maior.

Indagavam:” como pode levar Pão Molhado para dentro de sua casa”.

Foi que entrou em cena a velha doméstica Afra que para onde o juiz Manoé era transferido, lá ia ela como se fosse parte da família e sabia-se que ela cuidara dele quando criança e sabia mais da família dele, do que ele próprio. Ela então carinhosamente pediu ao juiz que divulgasse toda história para o povo, uma vez que, o Pão Molhado se encontrava correndo risco de morte.

Foi aí que o juiz Manoé. Vendo toda aquele gente confessa perante o povo que o Pão Molhado no passado havia sido um filho rebelde e renegou seus pais e familiares indo viver pelo o mundo afora. Este Pão Molhado é o meu irmão que agora após uma boa lição o acolho para dar-lhe assistência e o perdôo, espero que vocês sejam compreensivos conosco.

Pense! Nunca houve na cidade tanta gente reunida de uma só vez, quanto foi no dia do velório de Pão Molhado.

NATINHO SILVA
Enviado por NATINHO SILVA em 03/01/2015
Reeditado em 28/01/2015
Código do texto: T5088803
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