Torre de Babel

Eglantine era perfeita, aos seus próprios olhos. Se achava linda, inteligente, sedutora, apaixonante, carismática... Se achava, se achava, ou melhor tinha certeza de si. O que essa visão equivocada de si própria fazia era gerar comentários em suas costas, pois ninguém em sã consciência a achava assim, mas como dizia sua amiga Laila: Auto estima é tudo!

Não que Eglantine não tivesse qualidades, sim, até as tinha, mas sua auto imagem as fazia diminuir. Quando alguém tinha coragem de jogar em sua cara que ela não era aquela deusa grega que ela dizia ser, logo saia da sua boca: Inveja, recalque,ciúme...

Os poucos amigos que lhe restaram já se acostumaram com seu ego de torre de Babel, e nem ligavam mais, quando ela começava a falar no máximo concordavam com a cabeça ou sorriam amarelo e deixavam ela com sua querida visão errônea.

O problema que é sua arrogância crescia a medida se dava bem. Por fora era puro enfeito, joias, roupas de marca, sapatos e bolsas importados... Alguns chegavam a duvidar da autenticidade de suas coisas, mas discutir com Eglantine era dar murro em ponta de facas.

Mas como uma boa torre de Babel um dia ela desabafa e Eglantine foi ofender logo a filhinha da verdureira da esquina. Humilhou a pobre garotinha por ela ter encostado a mãozinha suja de terra em sua saia nova.

Depois de minutos de gritos e ofensas e muito choro da menina, a mãe chega como uma fera e joga os tomates pobres em cima da esnobe.

- Aqui sua retardada, se acha bela viola mas por dentro é pão bolorento. Tú é burra feito uma porta! Tú é feia como a desgraça, desengonçada e todo mundo acha isso menos você! E nem vem falar que é inveja ou recalque não minha filha... Porque só você é sem noção aqui bicho feio e burro.

Eglantine abriu a boca pra falar mas levou um tomate na cara e o resto das pessoas da feira empolgados com a coragem da verdureira começaram a gritar como loucos e todos ao mesmo tempo fazendo que Eglantine pela primeira vez na vida se tocasse... E no meio de tantos sotaques e gritos a Torre de Babel caiu... Literalmente sobre os tomates podres que jogaram nela.