Cafarnaum
Tumulto!
As lágrimas borbotam embaralhadas à turba nervosa.
A multidão confusa especula, agoniza, sussurra, trava um cabedal de conhecimentos fúteis, vãos, apocalípticos...
As sombras, sobras aflitas dos espíritos projetados, diluem-se sem cores num séqüito de inquietudes, enquanto carrega-lhe na face plácida o susto do instante, coração latente de esperanças.
Lembrança... Um minuto... Se tivesse há um minuto... Ah, se tivesse...
A rua toldada por nuvens frias, frescas e francas, sentia o anuvio dos pensamentos fracos... Hipócritas!
Ela, deitada ao colchão negro de uma ambição esquecida não mais sofria.
Pendia, para o lado, o pescoço livre, desejado, vivo. A mulher era branca com a brancura da paz e ainda pagara, com castigo, por encarecer a imagem gêmea rente no espelho!
Tumulto! O grito estridente das luzes vermelhas, sanguíneas, anunciando o caos, a vertigem à ponta do abismo, o sacrifício.
A cidade chora o pranto encarne, embaraçada em forma de pegadas na lama. Tumulto esquecido, as pessoas caminham lentas, mórbidas, desesperançadas e se aligeiram, mesmo lanhadas, quando por fim, despertam:
-Está na hora da novela!