Chuva

Enquanto esperava o dentista chama-la para ser atendida, ela observava a rua pela janela. O dia estava muito bonito e isso a deixava muito animada.

Terminada sua consulta, ela estava pronta e feliz para ir embora. Mas, ao olhar pela janela, toda a sua felicidade foi embora. O dia lindo com sol deu lugar à chuva – e ela odiava sair na chuva.

Por sorte, ela sempre andava com um guarda-chuva na bolsa e aquele dia não era exceção. Ela abriu-o e saiu para a rua no maior mau humor. Além da chuva, o vento estava muito forte, tanto que parecia querer leva-la embora. Ela segurou com mais força o guarda-chuva, abaixou a cabeça e continuou andando. O ponto de ônibus estava muito longe dali.

Os carros passavam a toda velocidade, espirrando água nela e ela amaldiçoava cada um deles. O guarda-chuva estava sendo praticamente inútil em sua função de protege-la e, quando ela menos esperou, um vento mais forte fez com que ele quebrasse e se tornasse completa e oficialmente inútil.

Diante de tanta desgraça junta, ela não resistiu e riu de si mesma. Por que aquelas coisas só aconteciam com ela? Jogou o guarda-chuva em um lixo que encontrara e se preparou para atravessar a rua.

Ao correr para atravessar a tempo e chegar logo no ponto de ônibus, sua sapatilha saiu de seu pé e ela quase cogitou deixa-la ali mesmo, mas voltou e a calçou novamente para, então, voltar a correr tomando mais cuidado.

Estava quase chegando no ponto e viu seu ônibus saindo; não adiantava nem correr mais. Claro, era exatamente isso que aconteceria. Essa era a sorte dela.

Sentou derrotada e molhada em um dos banquinhos do ponto de ônibus. Pelo menos era coberto – não que ela pudesse se molhar mais do que já tinha se molhado.

Seu celular tocou no fundo de sua bolsa e ela achou um milagre ele ainda estar vivo. Atendeu mal humorada sem nem olhar o visor.

– Nossa, o que eu te fiz?

Era ele! Ouvir a voz dele era tudo de que precisava naquele momento.

– Nada. Foi só a chuva. Nada está dando certo hoje – ela desabafou.

– Onde você está?

– Esperando o ônibus para casa.

– Você quer eu vá te buscar? – ele ofereceu.

– Não precisa. Logo o ônibus chega e eu não preciso molhar o seu carro.

– Isso não é problema.

– Obrigada, mas não precisa.

– Tá bom, vou te esperar em casa com chocolate quente.

– Ótimo! – ela disse animada.

– Boa sorte aí com a chuva. Vem logo.

Ela sorriu para si mesma. Era incrível como ele podia mudar todo o seu dia e deixa-lo melhor.

Ela guardou o celular de volta na bolsa e subiu no ônibus, que acabara de chegar. Nem se importou de estar toda molhada e não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto.

Flávia Tomaz
Enviado por Flávia Tomaz em 08/07/2015
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