Farda Velha

Depois de um tempo, guardados em baú de velho formato, resolvi descartar os panos que me tornavam hígido na lida de caserna.

Mudaram as cores pela demora em mal dobrados , agora me juntavam lembranças e sonhos também saindo pela caixa de segredos.

São fardas desbotadas e ao revê-las senti as avenidas, ruas, gente nelas guardadas e triste me vi pela tão rápida ronda em que deixei minha vida passar. Lembranças mal tratadas. Meu tempo de esteio foi curto demais...

Vivi o sonho da criança pacificadora e dentro dele teimei em mais sonhar, vendo na luz da lua a clareza que me confundiu a coragem e o conforto tomados em continências, sem nunca por elas desfilar.

Mas voltei ao mundo dos vivos e sem fotografia de vento algum despi o cofre daquelas flâmulas vazias de mim, mas que me deram por história o que fui sem lamentar: um bobo da corte das brincadeiras sérias quando eu cuidava do povo e a mim mesmo me privar.

Marcos Palma
Enviado por Marcos Palma em 27/07/2015
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