"Eu não quero lembrar que tudo acabou pra mim"

O celular despertou e ele suspirou, desligando-o; já estava acordado há um tempo. Na verdade, mal tinha dormido a noite toda. Tudo estava muito diferente, tudo tinha mudado e ele não conseguia deixar de pensar em tudo o que tinha acontecido. Ele virou para o lado e encontrou um fio de cabelo solto no travesseiro ao seu lado.

O fio era comprido e vermelho intenso, da cor de sangue. Ele riu irônico. É, era tudo de que precisava: encontrar um fio de cabelo dela.

Decidiu levantar-se da cama e tomar um banho para esquecer. Mas é óbvio que ela continuava perseguindo-o onde quer que ele fosse, até mesmo em sua própria casa. Tudo tinha um rastro dela, um pequeno lembrete de onde ela havia passado e que agora estava completamente vazio, tudo tinha o cheiro dela. Aquele cheiro doce maravilhoso que era sua marca registrada.

Havia grampos e elásticos de cabelo em suas gavetas do banheiro; a escova de dente ainda continuava ao lado da sua; aquele creme estranho que ela usava para tirar a maquiagem ainda estava em cima da pia junto com a loção pós-barba dele.

O que antes era sinal de alegria, indícios de que ela estava presente em sua vida, agora era sinal de tortura. Parecia que todas as coisas que ainda estavam em sua casa estavam zombando dele, rindo da cara dele.

Tá, ele sabia que aquilo era ridículo, eram apenas objetos aleatórios espalhados pela casa. Mas aquelas coisas só serviam para lembra-lo do que ele perdera, de como tudo tinha acabado e de como ela fora embora, deixando-o sozinho.

Com as lembranças, com a tristeza e com a saudade.

Flávia Tomaz
Enviado por Flávia Tomaz em 12/08/2015
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