Viva!

Estou eu aqui em casa, ou melhor, dizendo no meu quarto, moro em Santa Teresa, zona central do Rio de Janeiro. A minha preferência neste momento é ficar deitado na minha cama, mexendo no meu celular; o que estou fazendo? Visito as mesmas páginas constantemente. Tenho um perfil no facebook e lá você irá ver as poucas fotos que tenho; fotos de três, quatro anos atrás; a minha mãe me pergunta se eu tenho amigos, eu respondo que tenho mais os que eu tenho são mais parados do que eu ou decidiram por si só seguirem seus caminhos.

- O que o Pedro está fazendo?

Este é o meu pai Raúl. Ele é um motorista de ônibus de viagem; ganhou três dias de folga no trabalho o que é muito raro, ele nem esquenta, pois gosta do trabalho, mas quando se trata da família ele logo se anima e volta logo para casa.

- Está no quarto!

Essa é a minha mãe Sônia, ela trabalhava em loja, mas resolveu largar o trabalho quando eu tinha cinco anos e confesso que gostei, pois tenho uma tia que cuidava muito mal de mim e se fazia de boa quando a minha mãe chegava em casa.

- Pedro, já está tarde! Não vai jantar?

- Já vou mãe!

- É quase dez horas, vem fazer companhia ao seu pai!

- Já estou indo!

Era muito estranho, sempre que eu chegava à mesa para jantar o meu pai estava saindo com o seu prato e isto era constante.

- Nossa! O som está bem mais alto do que ontem e olha que sexta feira é o dia que a lapa está mais movimentada.

- Não! Aqui também tem muitos bares abertos a está hora. Moramos bem no inicio por isso se ouve som de tudo qualquer canto.

- A melhor coisa a se fazer é irmos para a nossa casinha de praia em Araruama.

- Hahahaha lá podemos fugir desta disputa de som... Isso aqui é para os mais jovens, o Pedro que iria adorar ficar na lapa paquerando as meninas.

- Só vou quando há algo de interessante por lá, fora isso fico em casa.

- Vai me dizer que nunca encontrou uma menina interessante por lá?

- Pai, quando eu encontrar alguém interessante, eu aviso!

- Que isso rapaz! Só te fiz uma pergunta!

- Dentro do quarto você não vai encontrar nada além da sua cama, suas roupas e a TV.

- E quem disse que estou procurando alguém?!

- Quando é que você vai arrumar uma namorada? Sua mãe é louca para ter um neto ou uma neta.

- Se eu arrumar uma namorada, não vou engravida - lá e se isso acontecesse, vocês não iriam ficar tão calmos!

- Estamos brincando com você, deveria levar as coisas mais na esportiva.

- Olha, não quero mais falar nisso. Vou terminar de jantar na cozinha!

Naquele instante fui para cozinha e como de costume, tinha o hábito de ligar o rádio enquanto almoçava ou jantava. Ficava com o rádio ligado até que eu acaba-se a refeição e depois voltava para o meu quarto e ficava no computador assistindo filmes ou jogando sinuca online, era com jogadores de sinuca no mundo inteiro, enquanto estava jogando a galera que cresceu comigo no bairro estava lá embaixo na rua se divertindo, tomando cerveja, rindo das ocasiões engraçadas e tocando um pagode. Da janela do meu quarto, dava para ver todos eles se divertindo, eu ficava ali observando e imaginando que poderia estar ali no meio daquela roda de amigos, mas algo me impedia de ir até lá para se divertir.

No dia seguinte, por ser fim de semana, tenho costume de acordar tarde mais a minha mãe tem uma técnica de desligar o ventilador e isso me faz acordar rapidamente ainda mais quando se faz muito calor. O meu vício na tecnologia era tão grande que quando acordava, já pegava o meu celular e ia para o instagram ver as fotos das pessoas. E quando clicava no aplicativo, via as fotos do pessoal na noite anterior se divertindo, ficava mal por ao ver as fotos, um toque de inveja de que era para eu estar ali mas não estava o que me impedia de ir era por causa de uma pequena palavra mas se você não saber controlar ela pode causar um grande problema. O medo pode atrapalhar seriamente a sua vida se você não der um jeito para que a situação mude.

Todos os dias, eu falava para mim mesmo que iria vencer este meu medo. Achava que o medo não podia me derrubar, batia na parede do meu quarto e dizia: Você não vai me vencer porque eu sou mais forte que você! Mas enquanto eu estava no meu quarto, andava de um lado para o outro como se estivesse dentro de uma caixa de tão pequeno que era o quarto. Eu pensava em situações negativas naquele momento, criava ambientes, criava personagens que eu conhecia e não conhecia; no momento que andava de um lado para o outro no meu quarto, estava pensando em várias situações diferentes. A minha cabeça estava a mil e eu não conseguia controlar a ansiedade, era movimento de braços e pernas sempre alternando, mas a preocupação para que alguém veja o que acontecia comigo era tanta que fechava a porta do quarto, a janela e a cortina; ficava praticamente no escuro criando situações e o que a ansiedade provocava em mim naquele momento, se chama: raiva.

Sentia raiva, a raiva tomou conta de mim naquele momento. Não tinha contado mais quando eu era pequeno, estudei em um colégio no qual os alunos me colocavam apelidos, teve um que pegou tanto que se bobear de encontrar alguém na rua daquela época, vão me chamar pelo o apelido. Na época eu não ligava... Quer dizer ligava sim, mas não tinha coragem para tomar uma atitude para aquilo mudar, eu era muito quieto em sala de aula e os meus colegas de classe quase não ouviam a minha voz. Os que ouviam, era os que sentavam em carteiras próximas ou tinha um grupo nos intervalos das aulas; mas o que fazia em sentir raiva era dos bagunceiros da classe, que pegavam no meu pé em algumas situações. Lembro de um dia em que a coordenadora da escola foi na minha turma no qual era considerada a pior de toda a escola e ela chegou dizendo que iria mudar alguns alunos e carteira. Aqueles que faziam bagunça, ela não fez nada e sim, mudou de lugares aqueles que tiravam notas baixas e eu (Pedro) estava incluído nesta lista, ela me colocou lá na frente mais do lado direito onde estavam os bagunceiros e eles adoraram a mudança que a coordenadora fez, me senti uma zebra cercada por leões eram três garotos, o restante ficava mais no fundo da classe, mas esses três eram piores, era o tempo todo brincando com quem estava perto deles e eu era a maior vítima deles.

Era situações que não gostava de lembrar, mas enquanto estava no meu quarto pensava que poderia ser diferente a minha reação, mas o que pensava era algo que não tinha nada relacionado com palavras e sim partir para a agressão, ficava em pé no meu quarto fazendo movimentos de golpes e sempre imaginando a situação de como seria se eu fizesse aquilo com eles, fiquei muito quieto naquele tempo e mesmo falando isso tudo, acho que não teria coragem de partir para uma agressão corporal mas dar o passo atrás isso não iria acontecer.

Era entre dez e quinze minutos de agitação ou ansiedade se preferir, até que era controlada por um pequeno choque de realidade que logo fazia pensar que tinha coisas para fazer durante o dia. O meu coração disparava e toda vez que eu tinha estás terríveis agitações, colocava a mão no peito e sentia os batimentos, pensava que iria ter um ataque cardíaco, sentia às vezes dores na cabeça, mas isso logo passava quando estava conversando com alguém.

- Aonde vai? – Perguntou a minha mãe.

- Vou na rua! – Respondi.

- Está bem. – Respondeu ela.

Eu não era muito tímido ao ponto de não querer sair mais de casa, o meu grande problema é que eu não sabia lidar com as brincadeiras ou zuações. Eu gostava de zuar e algumas situações, recebia o troco com a mesma moeda e dava risada com alguns colegas; já em outras as brincadeiras eram mais pesadas e eu não sabia me defender, e o pior de tudo é você ver um parente seu ser o principal articulador daquela zuação maldosa, me sentia como se não fosse parente daquela pessoa.

No momento que eu saía de casa em qualquer situação, olhava para a casa daquele em que eu sentia medo de dar o troco receber uma resposta duas ou três vezes melhor que a minha. Via que a barra estava limpa e saía tranquilamente na rua; descia Santa Tereza e ia à Lapa, olhava os arcos, via o bonde passar sobre os arcos e depois dava a volta, via a programação no circo voador e pegava a rua de trás até dobrar a direita e sair na Catedral. Pegava a Av. Chile e mais na frente dobrava a direita novamente para sair na Av. Rio Branco e neste momento estava ao lado do Teatro Municipal, de manhã você não via movimentação nas proximidades a não ser o pessoal que trabalha e os artistas de rua, eles eram os artistas do momento e quem estava visitando a cidade do Rio de Janeiro, ver aqueles personagens na Cinelândia, era incrível e para quem está acostumado, passa ao lado e ser ver que é engraçado dão risadas.

O meu passeio era este, parece um percurso pequeno mais é uma boa caminhada, gosto de sol e por isso fico mais animado para sair um pouco de casa, continuo andando pelo o centro da cidade até chegar ao aterro do flamengo e logo de cara presencio um roubo de celular, tinha duas garotas que pareciam ter vinte e poucos anos estavam tirando à famosa selfie, uma esticou os braços para sair na foto com a amiga e veio o pivete que deu um pulo e pegou o celular, em seguida ele saiu correndo; no final elas ficaram sem o celular e sem a selfie.

Você deve estar se perguntando onde estão os outros personagens, pois bem com este meu problema de ansiedade, medo e timidez; vocês devem saber que quase não tenho amigos e os que tenho não moram perto então vocês vão me ver falando sozinho a maioria das vezes neste conto.

Atravessei as ruas movimentadas do aterro e fui até a praia, fiquei andando por alguns minutos na areia, depois me sentei e comecei a observar as garotas que passavam na minha frente e outras que estavam sentadas também na areia, em um minuto estavam chegando um monte de homens com equipamentos, eles aqueceram num círculo em que eles mesmos fizeram e depois começaram a trocar socos, achei num primeiro instante que era uma briga mais quando vi que o lutador do UFC José Aldo estava no meio, achei que poderia ser um treino e era que estava acontecendo. Estava sendo bem legal observar o treino do campeão, mas a minha preferência era olhar um grupo de meninas sentadas na areia e bem perto de mim. Uma delas não parava de olhar para mim, era uma garota muito bonita por sinal, as outras também eram mais ela, era do jeito que eu gostava. Não muito alta, pele morena, cabelos negros, a cor dos olhos não conseguia ver, mas o seu sorriso sim, este conseguia ver.. Não só ver como via brilhar. Não é atoa que o sorriso é a parte mais bonita do corpo de uma mulher. Também não parava de olhar para ela, parecia que estava apaixonado e então decidi ir embora; eu ficava nervoso quando via uma garota bonita e para ir embora tinha que passar na frente delas. Me levantei, peguei o meu chinelo e andei; passei em frente, elas começaram a me olhar até que o inesperado aconteceu.

- Bonita camisa, menino! – Disse uma delas.

Eu não poderia deixar elas sem resposta, por tanto resolvi responder.

- Obrigado! – Respondi.

Naquele momento me deu um ataque de ansiedade no qual comecei a andar mais rápido e o sorriso no rosto, não conseguia disfarçar e foi assim até chegar em casa.

- Do que está rindo meu filho?

- Nada não, mãe!

- Nada não? Eu te conheço.

- Eu vou almoçar... O almoço está pronto?

- Está, eu já almocei.

- Tá bom.

- Tem suco de laranja na geladeira.

Fiz o meu prato e como de costume, liguei o rádio para ouvir música, fiquei sentado na mesa almoçando pensando naquela garota, por alguns instantes achei que era perda de tempo ficar pensando em alguém que você talvez não veja mais então decidi parar de pensar nela.

Segunda feira chegou rápido demais, a semana será corrida. Ah eu não contei o que fiz no domingo, pois não fiz nada de demais além de acordar mais tarde e ver o jogo de futebol na televisão. A semana começa com a ida a faculdade, eu estudava história em uma universidade pública no centro do Rio de Janeiro. Estou no horário, portanto, posso tomar o meu café tranquilamente.

Após me arrumar, saio de casa mesmo morando próximo à faculdade, nunca gostei de chegar tarde, mas o horário que saio de casa dá para dar uma parada na banca de jornal e olhar as notícias do dia. Na capa do jornal está estampada a vitória dos times do Rio de Janeiro no Brasileirão; um feito que não víamos há anos.

Até que não demorei muito para chegar à faculdade, o que estava parecendo estranho era que a garota estava indo para o mesmo bloco do que eu, o que ficou mais estranho ainda foi quando olhei para trás e vi que ela estava no mesmo corredor. Será que ela também estuda história? É óbvio! Fui para a sala.

A aula terminou e graças a Deus vou poder ir para casa, enquanto passava pelo o corredor decidi olhar para a sala onde ela estava e para o meu azar, a sala dela estava vazia isso quer dizer que a sua aula já tinha terminado. O rosto daquela garota ficou gravado na minha memória e o que eu queria naquele momento era vê-la ou até mesmo falar com ela.

Andei pelo o campus todo e nada de encontrá-la até que decidi ir para casa, mas antes vou dar uma caminha pelo o aterro do flamengo. Como era segunda feira, a praia ficava vazia e as poucas pessoas que ali estavam, eram moradores ou até turistas. Não via quase ninguém até que vi uma movimentação mais a frente, era um grupo de menores que estava atacando uma mulher, eu fique para observando a ação e ela estava tentando proteger os seus pertences até quando eu vi o seu rosto e neste momento sai correndo em direção para ajudá-la.

- Ei! Deixem-na em paz! – Disse gritando.

Já cheguei dando uma voadora em um deles que caiu na areia, os outros saíram correndo e o que estava no chão me xingou de filho da p... E também saiu correndo. Fui ver como a garota estava.

- Você está bem?!

- Estou um pouco assustada, mas estou bem sim, obrigada!

- Vi você na faculdade hoje.

- Eu também te vi!

Essa era a garota que ficou me olhando aqui na praia e na faculdade, era o rosto dela que ficou gravado em minha memória.

- O meu nome é Pedro.

- Eu me chamo Mylena.

- Você estava indo para casa?

- Estava, fiquei um pouco aqui na praia, mas estava indo sim.

- Eles levaram algum pertence seu?

- Não, não levaram nada. O meu celular estava quase caindo no chão e por sorte você apareceu e chamou a atenção deles.

- É foi sorte mesmo.

- Você parece está nervoso!

- Eu nervoso? Não, não!

- Parece sim, não para de passar a mão no peito e no cabelo... Você é tímido?

- Se eu sou tímido?

- Sim, você é tímido?

- Um pouquinho.

- Tá bom, você me pareceu quieto demais.

- Nossa! Você andou me observando mesmo.

- Observo você há alguns dias, já te vi na faculdade e reparei que você é diferente dos outros garotos.

- Estou surpreso!

- Então vai me acompanhar em casa?

- E onde você mora?

- Moro aqui no aterro mesmo, logo ali.

- Te acompanho sim, vamos andando.

- E de onde você é?

- Santa Tereza.

- Nossa! Vai andar bastante.

- Hahaha nem tanto assim.

Levei a Mylena em casa, foi um bom papo até lá... Aliás, passaram dias e mais dias, fiquei amigo dela, ficamos grudados um no outro e para mim era ótimo ficar perto de alguém, conversar, rir e tudo mais. Comecei a sair de casa, mas a minha ansiedade ainda tomava conta de mim e toda vez que eu voltava de casa após sair com a Mylena, voltava ansioso, começava a andar de um lado para o outro dentro do meu quarto, cruzava os dedos, passava a mão na cabeça no qual sentia algumas dores. Pensava em coisas negativas, os meus colegas de infância... Alguns mudaram os seus comportamentos e começaram a me zuar e eu queria enfrentar este meu medo das pessoas; achava que qualquer um na rua ia me sacanear ou rir da minha cara.

De manhã, tive a mesma crise de ansiedade, já estava arrumado para ir à faculdade, mas acabei me atrasando por causa disso. A campainha da minha casa toca e automaticamente fico calmo é como se tivesse um controle remoto. A minha mãe foi ver quem era.

- Oi Mylena, como vai?

- Oi, bom dia dona Sonia. Eu vou bem!

- Veio procurar o Pedro?

- Sim, queria ir à faculdade com ele.

Estava no meu quarto com a porta fechada mais mesmo assim conseguia ouvir a voz da Mylena. Rapidamente, peguei a minha mochila, abri a janela e a cortina, olhei para o espelho do meu guarda roupa e sai.

- Mãe, eu já estou indo!

- Filho, a Mylena está aqui!

- A Mylena está aqui em casa?

Dei uma disfarçada.

- Você aqui em casa essa hora?

- Não quer me acompanhar até a faculdade?

- Vamos, já estamos atrasados.

Mylena e eu fomos então caminhando até a faculdade e no caminho, Mylena começou a notar um ponto importante da minha ansiedade.

- Nossa Pedro! A sua respiração está diferente!

- Diferente como?

- A sua respiração não está normal, é como se você estivesse correndo uma maratona ou fazendo outro tipo de exercício.

- Acho que pelo o atraso, acabei fazendo as coisas correndo.

- Então, está bem.

A Mylena ficou me observando por alguns minutos, parecia que ela sabia o que estava acontecendo comigo.

- Bom, chegamos. Te vejo na saída e quando você estiver mais calmo.

- O que você quis dizer com isso?

- Nada! Vai para sua aula, Pedro. Depois nos falamos!

Fiquei parado na porta da minha sala observando Mylena ir para a sua. Acho que depois da aula, ela vai me perguntar o que eu estava fazendo. O que me resta é me concentrar na aula de hoje.

Andando pelo centro do Rio de Janeiro, Mylena e eu decidimos parar no Mc Donalds, ela ficou calada desde que saímos da faculdade. Pedimos o lanche, Mylena entre uma mordida e outra observava as pessoas em nossa volta, observava as pessoas que estavam andando do lado de fora e quando comecei a olhar para o lado de fora da lanchonete, vi que a Mylena estava me olhando, tomei um susto.

- Ficou assustado?

- Assustado com o que?

- Com a maneira que olhei para você?

- Não, isso não me assustou.

- Você costuma se assustar com os olhares as pessoas?

- Aonde você quer chegar, Mylena?

- Estou tentando entender você.

- Eu acho que você já me conhece.

- Conhecer é diferente de entender... Agora por que você fica tão sozinho?

- Sinceramente, eu não sei!

- Sabe sim, Pedro me fala o que está acontecendo com você?

- O que está acontecendo comigo? Você quer saber o que está acontecendo comigo?! Eu não sei o que está acontecendo comigo!! – Disse gritando com Mylena e logo vi que todos que estavam fazendo seus lanches, olhavam para mim.

- Eu preciso ir!

- Pedro, aonde você vai?

- Preciso ficar sozinho!

Sai correndo da lanchonete e comecei a andar rapidamente pelo o centro, atravessei a Av. Rio Branco sem olhar para os lados e quase fui atropelado por um ônibus. Andei até a Catedral Metropolitana e entrei, fiquei sentado, com o corpo curvado e olhando para o altar mas três minutos depois alguém estava em pé ao meu lado e quando virei o meu rosto, vi que era Mylena que logo em seguida sentou do meu lado.

- Como foi que você me achou?

- Logo que você saiu correndo daquele jeito, vim atrás de você, mas fiquei te observando e tomei cuidado para você não me ver.

- Ah sim... Foi uma ótima tática. Desculpe ter gritado com você!

- Não precisa se desculpar, você está mais calmo?

- Sim, eu acho que sim. Acho que estou pronto para confessar os meus pecados.

- Confessar o que?

- Confesso que eu tenho um grande problema no qual estou lutando contra ele há muito tempo.

- E o que seria?

- O medo, a ansiedade, insegurança, raiva é isso tudo que tenho.

- E você acha isso um pecado? Pecado é você roubar, pecado é você matar, pecado é você ferir alguém. Isso é um problema como você mesmo disse.

- Só que não consigo controlar. Isso está acabando com a minha vida!

- Ei, Pedro! Eu estou aqui, vou ficar do seu lado.

- A melhor coisa que você pode fazer é se afastar de mim, Mylena.

- Isso não vai acontecer. Não vou sair de perto de você, eu vou te ajudar!

Depois que a Mylena me disse aquelas palavras, seguramos a mão do outro e saímos da Catedral mais sorridentes. Foi como se eu tivesse tirado um grande peso das minhas costas. Outra pessoa iria dizer para que eu procura-se um psicólogo(a) mas já tinha mais que um psicólogo ao meu lado, eu tinha uma pessoa que me ensinou que a única coisa no qual não podemos enfrentar é o amor, o resto... O resto nós podemos resolver.

Alguns meses depois, posso dizer que sou outro homem. Aprendi a sorrir, aprendi a gostar de mim e não mudar o meu jeito para agradar as pessoas. Comecei a ser mais participativo em casa conversando com os meus pais aliás, comecei a jantar com o meu pai. A minha voz na sala de aula começou a ser ouvida. Para o azar de quem ficava me zuando, eu tenho armas muito melhores que são o meu sorriso e a minha felicidade, e a minha felicidade se resume em um nome: MYLENA.

- Acho que você já está curado!

- Você acha isso?

- O meu trabalho está terminado, agora é só você viver a vida.

- Não é o que estamos fazendo?

- Será?

- Se não estamos, podemos fazer isso e já até sei como dar o ponta pé inicial.

- Já sabe como dá o ponta pé inicial? E como seria?

- Assim!

Tasquei um beijo na Mylena que tirou o fôlego dela.

- Então vamos viver?

- Vamos. Viva!!!

- Vivaaaa!!!

Um texto de Victor Nascimento.

Victor Nunes Souza
Enviado por Victor Nunes Souza em 28/09/2015
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