RE:

o pior de tudo é que continuamos sempre do mesmo jeito. abrir as janelas, fingir que nos surpreende algum canto dalgum pássaro nunca o mesmo todavia sim, o mesmo, por isso. automaticamente atender a vontade de mijar e depois, a qualquer hora depois, nos escrevermos que está tudo bem. então, está tudo bem. infelizmente o vento se intensivou por aqui, em todo lugar que penso em ir já me sinto sem roupas de antemão. o vento é bom, mas este, com ondas de raio-x não, porque sinto que me desintegra a alma e salivas de toda natureza se esfregam nos meus ossos. ontem uma borboleta, daquelas que tem oitos desenhados nas asas, pousou em um dos meus mamilos e andou comigo, talvez pra se proteger do vento. primeiro pegamos um coletivo, fomos até o centro, depois entramos num sebo. estávamos procurando um livro, não tenho certeza qual, quando senti que sua língua entrava no mamilo e sem nenhuma dificuldade, rapidamente, ela entrou toda e sumiu. o atendente me perguntava se precisava de ajuda quando meus olhos retomaram a visão externa, eu não sabia o que dizer e ele continuou perguntando se precisava de ajuda com algum livro. aí eu disse que não e que já havia encontrado. de noite, li o livro que casualmente estava na minha mão naquele momento e que possivelmente fosse apenas o livro que é, e na página oito me causou surpresa quando a abri e vi ela, a borboleta, lá, como a flor que alguns guardam entre-páginas. mas o mais engraçado é que não parecia morta.

o livro é muito ruim. não gostei.

o melhor de tudo, se é que houveram muitas outras coisas boas, é que dormi bem, enfim, depois de muito tempo. só que hoje acordei com um certo remorso por isso.

agá pe

Henrique Pitt
Enviado por Henrique Pitt em 14/11/2015
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