RE:

o que aconteceu depois que a bolha se desfez foi que me senti molhada e tive frio, igual de quando emergi do fundo da trilha da torre na primeira vez que estive lá, aliás, gradativamente, deixei de ir.

interessante você me falar desse autor que conheceu e que conforme me disse, ele mesmo afirma que escreve, escreveu, tudo em toda vida sobre a mesma coisa de formas diferentes. me soa algo que já conheço.

veja isso. saí à rua, não estava com a mínima vontade para afazeres domésticos, e nas colunas ou nos arquivos epidermes dos meus papiros externos não faziam-se sensíveis o vento ou a chuva ou mesmo o sol que às vezes têm brotado. voltei. porta à dentro, encontrei várias palavras de tamanho e formas diferentes que já deveriam ser elas mesmas vagando perdidas em cômodos ou lugares quaisquer e a esmo. em casa, revezamos tudo o que se tem pra fazer. se eu descrevo os móveis a alma nomeia os alimentos, e se ela me desenha eu limpo os restos de luz que ficam pelo chão, e vice-versos. acontece que não a contornei bem como deveria, e juro que se não fosse por aquela abismal sensação de hiato, diria que quase não fui mulher. tinha que ver o estado de dó que a encontrei, tentando existir os livros e organizá-los numa prateleira inacabada para depois poder encontrar algum que desse palavras que pudessem ajudar a nos terminar, sozinha e por fazer-se ela mesma.

agá pe

Henrique Pitt
Enviado por Henrique Pitt em 02/12/2015
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