Nada é como antes

– O que você tem? – ela perguntou.

– Nada.

– Tem certeza?

– Tenho.

– Você está estranho – ela acusou.

– Claro que não – ele disse na defensiva e depois deu de ombros. – Eu estou normal.

– E eu nasci ontem – ela debochou.

Ele balançou a cabeça negativamente e eles ficaram em silêncio.

– Sério, o que aconteceu?

– Paranoia sua.

– Sempre culpa minha.

– Começou o drama – ele revirou os olhos.

– Fala direito comigo!

– Eu estou falando.

– Não, você está sendo um babaca. Disse que não queria estragar a amizade, mas mal fala comigo.

– Estou falando agora, ué.

– Não como antes.

– Nada é como antes.

– Então por que você disse que queria voltar como antes?

– Porque eu quero e achei que fosse mais fácil.

– Eu também – ela suspirou. – Nós nos conhecemos há tanto tempo, mas eu não sei mais conversar com você, achando que vou falar algo errado ou de que você não goste. Eu acho que não sei mais ser sua amiga.

– Por que não?

– Porque você não é meu amigo. Eu não tenho ideia do que está acontecendo na sua vida. Não sei quando você está afim de falar comigo e quando não está. Nossas conversas param no “tudo bem também” e quando se aprofundam um pouco mais você volta a ficar na defensiva e estranho. Desse jeito não está funcionando – ela desabafou.

– Nós só precisamos achar nosso ritmo de novo e nos acostumar.

– Mas eu não quero me acostumar a essa coisa estranha. Eu quero voltar como antes.

– Eu sempre fui assim. Você que não se lembra disso.

– Mas era mais fácil conversar com você.

– E vai continuar sendo. Vamos encontrar o nosso ritmo – ele sorriu.

Flávia Tomaz
Enviado por Flávia Tomaz em 27/01/2016
Código do texto: T5525204
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