O Casamento

O corpo estava completamente absorto,imóvel no sono como se fosse um cadáver.Algumas moscas brejeiras zumbiam e pousavam nele-parecia não o incomodar.Não respondia aos estímulos naturais que se apresentam mesmo quando se está dormindo.Quando uma mosca,ou uma barata nos toca,mesmo dormindo repelimos aquele toque repugnante.O instinto fala mais alto.Porém,com aquele dorminhoco a coisa estava sendo diferente.Dormia profundamente.Parecia estar morto.E as moscas pousavam nele à vontade.O sol matinal sem pedir licença adentrou pela vidraça da janela do quarto e lambia a sua pele,sem pudores.A temperatura do quarto subiu pelas tabelas.Gotículas de suor emanavam de sua cútis feito rosas a desabrocharem.Passados alguns segundos a arrumadeira entrou pela porta.Gostou ao ter visto aquele homem imponente,semi-nu e vestido apenas de uma cueca preta,tendo o corpo suado,gozando de sono profundo.Não resistiu e se aproximou da cama.Passava um pano úmido no criado mudo,sem tirar os olhos vítreos do corpo sedutor do homem que dormia roncando.Indefeso e quase não se ouvia a sua respiração.A arrumadeira não se conteve.Sentindo um comichão por entre as pernas,e tendo a respiração sufocada ergueu uma das mãos e pôs-se a tocar o corpo do homem por cima da cueca.Beijou-lhe a boca,de lingua.Gemia baixinho,enquanto,com a outra mão se alisava por entre suas coxas.Estava com medo de ser surpreendida.Conteve-se por alguns segundos-com certeza o dorminhoco não a surpreenderia,mas seria outra pessoa da casa.Ele parecia morto.Dormia pesado-ou estaria envenenado?

Voltou a arrumar o quarto.Os olhos devoravam o corpo suado do homem e o volume que havia-se desenhado na cueca.Fazia um pouco de barulho abrindo as gavetas do criado- mudo.Varria o chão e a vassoura se chocava na madeira da cama e na parede.Temia acordá-lo.Estava excitada e nervosa.Faltava-lhe concentração.Ficou mais aliviada quando percebeu que o serviço estava no fim.Antes de sair do quarto deu uma última olhada no homem que continuava a dormir pesadamente.O sol estava à pino.Era meio-dia.Sol de verão.De repente,o dorminhoco abriu os olhos,e bocejou alto estirando os braços nervosos.Levou as mãos ao rosto para se proteger dos raios solares.O corpo estava banhado de suor.A ereção havia recuado.Sentou-se na cama.Ela ficou a olhá-lo,sem nada dizer.Ele ergueu o corpo da cama e foi ao banheiro.

-Hoje é domingo,o único dia da semana que posso dormir mais um pouco.Ser metalúrgico não é coisa de gente fraca.Ainda mais ter que pegar mais de 4 conduções por dia.Uma vida difícil.Ver a família so no fim de semana-isso quando não se pega no sono e se perde o fim de semana,a família,os amigos-tudo.

-Oi,querida.Bom-dia.Que dizer,Boa-tarde.Eu mereço dormir,e muito.Aposto até que de vez em quando até pensa que sou um estranho deitado na minha cama.Bem...na verdade não passo de mais um que acredita que ter um trabalho é ter tudo na vida,até um casamento e filhos.

Tiveram tempo para irem ao parque.A mulher brincava com as crianças,enquanto ele cochilava à sombra de uma frondosa árvore.Parecia morto,de cansaço-é claro.Porém,roncava.

fim

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 29/01/2016
Reeditado em 20/05/2016
Código do texto: T5526633
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