O dia a dia do caboclo

Toda manhã ouço o gorjear solitário da corruíra, embaixo da minha janela, me anunciando mais um dia

Levanto ainda meio modorrento,

jogo uns gravetos no fogo, pra aquecer meu café

O galo índio estufa seu peito, e canta, evidenciando que ainda è o dono do terreiro

Ordenho minha vaquinha, tiro seu leite para preparar o queijo, jogo milho pras galinhas, apanho os ovos nos ninhos

Debulho milho pros porcos, pico cana pro gado, jungir o arado ao lombo do burro, preparo a terra pra mais uma lavoura

Na hora do almoço, deito na rede em baixo das árvores, fico admirando o vai e vem dos pássaros nos pés de fruta, tiro meu cochilo.

Caminho até o ribeirão  que fica lá no meio da mata, me  banho nas suas águas cristalinas 

O sol começa a se pôr no horizonte,  è hora de irrigar a horta, as gotas caem, sinto o cheiro de terra molhada, cheiro de poeira, cheiro de saudade

Termina mais um dia, retorno pra minha casa, sento na varanda, observo o céu cheio de estrelas, pego minha viola e me ponho-a   cantar

Maurício Generoso
Enviado por Maurício Generoso em 11/02/2016
Reeditado em 18/10/2020
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