SAIDEIRAS INTERMINÁVEIS 
Jorge Luiz da Silva Alves  



Fechamos a noite abrindo a rodada do pós-noitada: sempre que um se despedia, Borboleta chegava com outro prato de paio e a cesta de pão para aparar beiradas e demover desistências. Cerva brotava milagrosamente de estoques inauditos, e um maldito qualquer que reclamasse urgências era desafiado com outra afinada partitura do violão de Carão. Lá fora, chovia a cântaros, e cá dentro afogávamos alegrias. No que as gargantas deram pausa para fôlego, percebemos: abrimos a madrugada, fechando o estabelecimento, reduzindo o estoque da loura e estufando a barriga no tira-gosto... Borboleta voou há muito, e o gerente implorava por trégua: desse jeito, teria que chamar a Guarda para demover os festeiros. Péssima idéia - na fardada ronda do dia, só tinha notívagos. 

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Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 08/03/2016
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