Sundown

SUNDOWN (versão em português)

Hélio passou o dia anterior ao ocorrido revivendo sua infância. Sua mãe lhe contou um pouco mais sobre aquela época, enquanto viam fotos e mais fotos. Ela lhe contou que ele nascera num dia de calor escaldante e que eles (ela e o marido) esperavam ansiosamente para vê-lo pela primeira vez. Ela confirmou que ele havia nascido ao meio dia em ponto; o filho único. De repente, sua tia Urânia adentra o recinto e resolve interromper a conversa, dando sua ácida contribuição. Ela diz: “_Desde a sua infância, você queria ser o centro das atenções. Tudo tinha que ser do seu jeito. Mesmo que se sentisse a criança mais solitária do mundo. Você tinha beleza, dinheiro e força. Seus olhos brilhavam, mas a sua personalidade antissocial mantinha o mundo longe de você. A Luna, minha filha, e o Marcelo eram vítimas da sua crueldade, egoísmo e arrogância. Como aluno, a sua professora dizia que você era o mais ousado e também o mais inteligente. Nas suas festas de aniversário havia balões e luzes coloridas, você usava roupas de mauricinho e era tratado como um príncipe. Algumas pessoas tentavam chegar perto de você, mas ‘Vossa Excelência’ não parava de olhar para o próprio umbigo. Você sempre queria ser o mais alto, o mais forte, o mais rico… E a sua infernal vaidade crescia mais e mais, ao passo que os plebeus se afastavam de você. Durante o verão, você adorava ir às praias – Long Beach era a sua favorita. Sua conexão com o mar era incrível e por ser um grande surfista, você se gabava disso. E até hoje você se gaba de muitas outras coisas. Com licença!” Quando Urânia saiu da sala, mãe e filho se olharam e caíram na risada, sentindo-se superiores a ela.

No dia seguinte, quando o rapaz faria dezenove anos, ele ganhou um lindo carro de seu pai, o que o fez se sentir ainda mais poderoso. E ele andou com aquele carro durante toda a tarde. Ao chegar à casa, ele sentiu uma dor no peito, mas não deu qualquer importância ao fato. Enquanto entrava na sala, uma luz muito muito forte vinda da janela chamou-lhe atenção. Ele se aproximou dela, pois se sentiu grandemente atraído por tudo aquilo. O suor escorria-lhe pelo rosto. Sua mãe, percebendo sua presença, chamou-lhe. Sem resposta. Hélio já conhecia aquela luz, mas ao se virar para direita, ele não viu mais nada. Sentiu-se desesperado, mas antes que pudesse gritar, a dor no peito voltou; dessa vez, ainda mais forte. E ele desmaiou. Lá estava ele, na frente de si mesmo, deitado no chão e a luz daquele sol castigador havia ido embora.

Tom Cafeh
Enviado por Tom Cafeh em 10/03/2016
Reeditado em 09/12/2019
Código do texto: T5569966
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