O retrato de nossas vidas

“O RETRATO DE NOSSAS VIDAS”

PARTE 1

Antes que Júlia observasse melhor o seu retrato,achava ser feia,talvez uma criatura bizarra,era um conceito errado que sua mãe havia lhe causado desde pequena . Júlia não era uma jovem humorada,não demonstrava felicidade alguma, pouco podia ver um sorriso a se entreabrir em sua face, porque para ela não havia “momentos felizes” que fosse digno de um sorriso. Achava que isso não faria diferença,ninguém repararia em teu sorriso. Porém, o que não sabia , que no olhar dela,havia um magnetismo de um indefinível fascínio, e que por através destes mesmos olhos residia à emanação da felicidade que,também,transpareceria naquele retrato pintado.

Júlia se escondia muito por trás do seu complexo de inferioridade e não se deixava levar tanto pela a aparência. Um dia alguém surgiu em sua vida e lhe conferiu os status fazendo-a descobrir o que é felicidade.

PARTE 2

Ariel trabalhava nos correios,antes de ir embora descansar,pensou passar pela casa de Ronaldo seu amigo,para umas conversas que a tempo estava devendo e que neste dia se encontrava num estado de espírito muito pra baixo,então se lembrou que seu amigo sempre ,como de costume,o esperava,fazendo um retorno,atravessou a avenida Paulista,dirigiu-se ao restaurante ,ao vê-lo,o amigo,pode notar de inicio a fisionomia estampada na face de Ariel .

- O que houve? ... que tanta tristeza é essa que lhe rodeia?!!!

- Não sei te dizer,só posso lhe afirmar que por dentro sinto um vazio imenso, como se me faltasse algo para me preencher. ..

Ronaldo com pena,se levantou e puxou o banquinho para bem mais perto, e disse com tamanho aproveitamento:

- Você precisa tirar umas férias,sabe ... viajar,fazer mais amizades,isso há de lhe fazer muito bem!

- Interessante ... amanhã eu estarei de férias,vou aproveitar e viajar e ,como você esta sem fazer nada, lhe convido a ir comigo .

Ronaldo com os olhos arregalado, não acreditou no que ouviu.

- Espere ai , quem precisa viajar é você, não eu!!

- Não quero viajar para um lugar desconhecido e ao mesmo tempo estando sozinho,com você pelo menos eu estarei acompanhado e eu te conheço... eu faço questão que você vá!!

- Onde pretendes ir?

- Para algum lugar do interior... quem sabe o nordeste... viajar sem destino!

- Mas deixar minha esposa e filhos e viajar?!!

- Caro amigo,quantas vezes sua esposa lhes deixou com seus filhos para viajar a trabalho... isso é simples de se resolver,basta levar pra sua mãe ou mesmo a mãe dela! ...

Neste momento Ronaldo parou e ficou a pensar por alguns instantes e resolveu acompanhar Ariel . Às horas haviam se passado e Ariel ao consultar o relógio já eram oito e meia da noite.

- Nossa as horas se foram rapidamente tenho de ir – Disse Ariel já se sentindo bem cansado.

- Pra quando vai ser essa viagem ? – perguntou Ronaldo ainda meio pensativo.

- Na semana que vem, mas, percebo que o amigo ainda não se decidiu não é?!!

- É que fica difícil dar uma resposta assim na lata , e depois não sei se minha esposa vai concordar com isso , no entanto se ela pensar bem , vai ver que eu também preciso descansar longe de São Paulo.

- Então o que você esta esperando?!! Ela há de ver que você tem se dedicado muito a aos filhos ... você merece também férias. Você é um colunista de um dos maiores jornais do Estado e nunca lhe deram umas férias digna.

- É .. você tem razão!! Já que é assim,estamos combinados,iremos mediante a qualquer custo ... vale a pena a se aventurar sem destino .

Neste momento os músicos do restaurante afinavam os seus instrumentos e o rapaz da mesa ao lado de Ariel arrumava os papeis com as partituras, enquanto um outro estava sorrindo, ao mesmo tempo em que conversando com um outro integrante. Ao lado direito uma criança de uns dez anos de idade lia os letreiros que brilhavam com um aviso “É proibido fumar”. Depois de um tempinho a musica teve o seu inicio. De repente, surgiram cinco homens a cantar musicas românticas para um casal ao lado, viam-se sorrisos estampados no rosto das mulheres, enquanto alguns homens deixavam também escapar ,isso de quando em vez.

- E agora, o que há de vir? – perguntou o mesmo menino que antes lia o luminoso.

- Eu não sei meu filho - Respondeu o pai com uma pitada de curiosidades que podia

contemplar em seus olhos.

Enquanto Ariel pensava consigo: “Qual seria mesmo a finalidade desta viagem ?.” E seu olhar vagava no espaço branco da insegurança . Daí sem perca de tempo, se levantou e ao despedir –se de seu amigo fez questão em lembra-lo do acordo.

PARTE 3

Júlia estava numa manhã a tomar o café. Sua mãe se encontrava na varanda a lavar roupas,enquanto lá fora o vento zunia veementemente.

- Acho que não é uma boa idéia lavar a roupa e estender no varal. Este tempo esta meio que doido às nove horas estava um sol de rachar de repente mudou! – Falava em voz alta a senhora Wilma a mãe de Júlia e já era onze horas de segunda-feira.

- Meu deus mãe ... pare de ficar chorando! Sabe que o tempo é assim mesmo ...

não se contenta com nada!...

- Que bicho lhe mordeu menina?! Eu hem,que mau humor! Of!

Neste momento a senhora Wilma se dirigiu a mesa,puxou da cadeira mais próxima de Júlia e ficou a ouvi-la ...

- Não há nada de anormal comigo sempre fui assim! – pôs-se Júlia a falar fitando os olhos em sua mãe.

- Não senhora ... tenho notado essas mudanças bruscas há alguns dias, percebo um sofrimento encubado em seus olhos e que esta lhe causando este mau temperamento e sempre acaba machucando os que estão em sua volta.

Eu tenho uma opinião sobre isso ...

- Ah é, então me diga?! ...

- Você precisa viajar, se descontrair.

- Mãe,com que dinheiro ?! sabe que nós não podemos gastar o pouco em que temos.

- Filha, você bem sabe que eu recebo a pensão de seu pai e, depois eu tenho os meus bolinhos que eu sempre estou a vender e nos ajuda no nosso ganha pão. Já faz algum tempo que eu estou a economizar para uma ocasião especial. E eu sei que, isso há de lhe fazer muito bem.

Depois destas palavras, Júlia que segurava um pedaço de bolo o mordeu e se levantou ,olhou pela a janela, sem pronunciar uma palavra se quer , por alguns minutos , voltando o rosto para a senhora Wilma num olhar seco e duvidoso indagou :

- Tudo bem ... mas acontece ó minha senhora mãe, que eu não sei para onde me ir! ...

Acaso tu fazes alguma idéia?!!!

- Claro, se não nem ao menos tocaria neste assunto se eu não tivesse uma idéia !

você vai à casa de seu tio que fica em Goiânia ...

- A senhora não acha muito longe ? ! moramos ao sul do país de repente ter de ir bem ao centro oeste do Brasil.

- Seria um ambiente ideal para você fazer boas amizades e ao mesmo tempo colocar suas idéias no lugar...

- E quanto à senhora, o que vai fazer durante a minha ausência? - Perguntou Júlia preocupada,já que seria a primeira vez que deixaria sua mãe sozinha .

- Não se preocupe comigo,sei me virar sozinha, já sou adulta para cuidar de mim mesma.

Então este foi o ensejo que para Júlia seria de grande experiência e pensando bem concordou de modo pleno com sua mãe marcando o dia de sua viagem para o dia 15 .

PARTE 4

Sexta-feira dia 11 de Maio ... Ariel se dirigia ao apartamento de Ronaldo, mesmo meio que indisposto,resolvera subir as escadas,quase que não superava os quatros últimos degraus que faltavam para se sentir triunfante, e havia uma janela ao lado direito,pensou por alguns segundos em colocar a cabeça para o lado de fora da vidraça a retomar o fôlego,também só foi o amiguinho abrir a porta para que ele procurasse o sofá a choramingar e resbunando se sentindo muito mal.

- O que há contigo tio Ariel?! – perguntava o Jorge ,filho mais novo de Ronaldo.

- O cigarro que esta me matando aos poucos ... Hã,não sei porque estou falando sobre isso a você...não entende absolutamente nada !

Neste momento surge Ronaldo após ter tomado um banho...

- Olá Ariel... hoje é o dia!

- E então você conversou com a sua esposa pelo o jeito.

- Sim, conversei com ela a respeito, o contrario de que pensamos não houve relutância .

- De que pensamos nada , de que você pensou , eu estava convencido de que ela iria concordar, foi por isso que lhe convidei para me acompanhar nessa jornada sem destino ...

- Sem destino não meu amigo , eu tenho uma idéia para onde irmos – disse Ronaldo cortando a frase de Ariel.

- É mesmo?!! Estou curioso vamos me fale! – neste momento Ronaldo pra deixar o amigo meio apreensivo fez suspense a respeito ...

- Tudo bem ! ... não sei se você vai concordar mas eu escolho Goiânia !

- Goiânia?

- Sim Goiânia – reiterou Ronaldo olhando fixamente para face de Ariel

- Se você quer um acompanhante terá que ir onde eu escolher e escolhi Goiânia !

Ariel suspirando levantou-se do sofá dirigiu-se à área de serviço, neste momento Ronaldo pôs a mão no ombro de Ariel : ...

- Você sabe que eu só quero o seu bem. Há quanto tempo nós nos conhecemos? - indagando ao amigo.

- Desde criança- replicou Ariel ao mesmo tempo em que tirando o cigarro do bolso da camisa ...

- A não , pare com isso ,você vai morrer ainda por causa desse maldito fumo e depois aqui tem crianças...

Neste momento Ariel olhou para o Jorge e Jadson e sorriu aos dois pequeninos de Ronaldo ...

- É verdade – concordou a menear a cabeça ...

- Bom , vamos ao que interessa . Vou levar os meus filhos para a minha sogra que esta esperando , faz pelo menos umas duas horas em que eu telefonei – disse Ronaldo apressando a saída.

PARTE 5

Júlia estava na rodoviária do Tiete . Pensava há horas como seria Goiânia,na verdade, ela imaginava como a senhora Wilma a descreveu: um lugar de puro ar, uma metrópole rodeada de grandes arvore floriparas, praças de encantar qualquer um , lugar projetado para poetas que para se inspirarem se funde a mãe natureza.

Algum momento, ousava olhar para a sua mãe que estava ao lado com os olhos vermelhos a chorar como se fosse a ultima vez que a veria, não sabia o que o destino lhe reservava.

Recentemente terminou a faculdade de pedagogia,queria mais a frente se especializar cursando mestrado,mas antes teria que enfrentar quatro anos de pós-graduação,no entanto, isto estava para mais à frente. Mil idéias se formavam em seu entendimento,olhava para os lados, via pessoas se aglomerando como formigas se preparando para o inverno.

Se não fosse noites inteiras de estudos não conseguiria a bolsa na Universidade de São Paulo, pensava em tudo o que iria deixar para trás : na sua mãe, nos amigos, na sua casa em que tanto lhe trazia recordações de infância, em seu saudoso pai que muito a amava.

De repente a atenção lhe muda para o momento atual em que o ônibus chegava.

- Filha, não esqueça de sua mãe aqui,sei o quanto posso ter errado em algumas vezes em que eu pode ter retido o meu carinho por uma simples falta de maturidade,mas, sempre no fundo a amava e amo!

- Mãe ... não vai começar agora não é?! Eu vou voltar ... até parece que eu irei passar uma eternidade fora! ...

- Júlia entenda que eu só tenho você agora,é justo que eu me derrame em lágrimas pela a minha única filha !

- A idéia da viagem partiu da senhora...

- Sei , mas é para o seu bem e se é para fazer-te bem , prefiro que tu vás e retornes recobrada.

- Sim mãe ... tudo bem, vem aqui e me dar um abraço !

Neste momento em que Júlia a abraçava ,sentiu que uma lágrima queria descer de seus olhos,entretanto, não permitia, mesmo estando de ray-ban. Reprimia seus sentimentos, não deixando transparecer, achava que chorar era para os mais fracos , e mostrando-se seca, largou sua mãe e entrou no ônibus se dirigindo a ultima poltrona . Olhando pela a janela, pode vê-la a acenar, aquilo ficaria em seu pensamento por toda a viagem .

PARTE 6

Ronaldo era carioca da Barra da Tijuca, um dos lugares bastante conhecido. Quando criança pode conhecer o amigo Ariel, jogavam futebol praticamente todos os dias, estudaram no mesmo colégio. Depois, Ariel teve de se mudar para São Paulo,sendo órfã de pai e mãe, teve que morar com avó , na verdade nunca conheceu o seu pai ,sua mãe mal falava sobre o assunto, e ele nunca se interessou, mesmo a sua avó quando questionada logo mudava de assunto.

Ronaldo bem sabia da estória de Ariel o olhava com compaixão, um irmão que nunca teve,um amigo para todas as horas , suas vidas deixou marcas de uma puerícia desejada, genuinamente eram felizes .

Ronaldo teve que ir a São Paulo para estudar jornalismo,pode residir na mesma casa de Ariel, após alguns meses contatando-o sobre a idéia de facultar ,que por vista estava bem familiarizado com o ambiente. Foi na Uninove durante seus estudos que ele pode conhecer a Suely Freire .Ronaldo ao vê-la logo se interessou.

Suely não era popular por tão beleza , porém por sua delicadeza e simpatia , atenciosa que era, e sempre em prontidão a ajudar os amigos, não media esforços para tal coisa ... muito sabia, não havia matéria em que ela não saísse bem, fazia administração,hoje trabalha em dos maiores bancos e com mérito... o que fez de Suely a primeira na vida de Ronaldo foi a sua gentileza prescrita em sua personalidade mediadora e prestativa: mediadora na causa de alguma falha dos amigos e, prestativa por sempre esta de mãos estendidas a ajuda-los. Foi com bastante afinco que Ronaldo a conquistou,sem de forma alguma mudar sua forma de ser : algumas vezes atrapalhado outras vezes mais certinho,mas foi dessa forma que a conquistou.

Quanto a Ariel, nunca encontrou um relacionamento estável sempre que pensava estar bem daí chegava a desgraça da dissolverão para lhe trazer mais tristezas ao seu tenro espírito . Entretanto, sempre que ele precisou, estava ali o amigo Ronaldo para lhes estender as mãos, sem deixar de lado o apoio da esposa do mesmo.

Tudo isso passava pela a cabeça de Ronaldo que olhava- o dormindo debruçado por sobre a poltrona do Boeing, neste exato momento estavam em direção a Goiânia .

- Já estamos chegando? – perguntou Ariel bocejando no mesmo instante em que acordava.

- Eu acredito que sim ... mas quando estivermos pertos o piloto anunciara como de costume.

- É verdade, que pergunta não é?

- Sem problemas, você estava dormindo e pelo o jeito foi muito bom o seu sono eu já estava com inveja... foi um sono muito gostoso infelizmente eu não estou com toda esse sono, ah ... como eu daria tudo para ter um sono assim...

- Deixa disso, você é um homem bem saudável ! ... – Neste momento riu-se Ariel batendo com a mão no ombro de Ronaldo.

Os dois chegaram bem cansados ao aeroporto internacional de Goiânia. Ariel com pinta de bem humorado começa a rir das circunstancias. Ronaldo, agora com sono, boceja inesperadamente e, olha para os lados para certificar-se de que ninguém viu sua boca abrindo-se como se fosse um extremo preguiçoso, se ele tinha vergonha disso, levemos em conta que, cada um de nós temos uma certa inibição com algo que nos desespera, como diz os psicólogos: trauma de infância, ou uma extrema rigidez na educação, porém, como podemos observar, desde então, isto não foi o caso de Ronaldo.

- Nossa, agora, eu estou com sono!

- Eu pude perceber quando você abriu aquele bocão!

- Meu Deus! Se você percebeu isso imagino que muitas pessoas viram...

- E o que há de errado nisso? – perguntava Ariel rindo-se do amigo.

- Olha Ariel, eu não preciso falar nada, uma vez que você nem ao menos liga pra essas coisas.

- Tudo bem, vai ao que interessamos, nós estamos aqui pra descansarmos e depois se divertir...

- Ok... Os dois concordaram.

Neste momento Ariel e Ronaldo entraram no táxi.

continua...

Kalell
Enviado por Kalell em 10/07/2007
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