Mãe Sementeira

Mãe sementeira

Aquela mãe se levanta junto com o Sol que doura o mundo e dele retira a energia para pisar o chão, que sonha ser areia fofa e morna.

Na folhinha pendurada na parede descascada da cozinha, os dias são riscados um a um. Seria mais um, ou menos um? Com a xícara de café e a fatia de queijo em mãos a mulher olha pela janela e nos olhos marejados pela saudade, se lê a oração. A mãe fixa o infinito como se não houvesse nada além dela. Cristalizado em seu olhar está o dourado da medalha reluzente sobre peito do filho. No amor gerado no primeiro útero, a mãe enxerga o invisível e espera...espera...

Nas suas idas e infindas vindas ao portão da casa ela assola a terra, pisoteia a grama como se fosse as uvas no preparo do vinho festivo. No sorriso da alma, a mãe planta, semeia flores; decora o caminho.

Hoje, as flores perfumam a prece.

Olynda Bassan

olyndabassan
Enviado por olyndabassan em 11/04/2016
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