Porto Seguro

Sentada no banco da praça, Sarah simplesmente observa. O sol brilha forte, iluminando o magnífico céu e os pássaros alçam vôo no mesmo azul cintilante. O vento agita com delicadeza as muitas folhas verdes; as árvores, por sua vez, batem palmas em admiração pela imensa sabedoria d’Aquele que tudo criou.

Sim, a beleza natural é esplêndida, mas contemplando tudo aquilo, Sarah não pôde deixar de observar um homem, cujos cabelos grisalhos deixavam aparentes seus anos vividos, seu vasto conhecimento num mundo tão complexo.

Sua expressão era um tanto quanto séria, sua postura firme, suas vestes finas e sofisticadas. Características como estas fizeram Sarah chegar à conclusão de que se tratava de um homem socialmente importante.

Mas algo não parecia normal.

Seu olhar, um olhar que provavelmente absorvera um vasto conhecimento ao longo do tempo, deixava transparecer dúvida. Um olhar que deveria transmitir segurança, demonstrava incerteza. Olhos tristes e aflitos pareciam carregar mágoas imperdoáveis.

O que um homem como aquele estaria fazendo ali, sentado? Visto que, homens como aquele, numa manhã de segunda-feira, estariam demasiadamente atarefados com suas grandes empresas e negócios. Estaria ele à procura de algo que, talvez, esteja fazendo falta em sua vida? Paz em meio a tanta tribulação; alegria após muitos descontentamentos; amor para encobrir a raiva que, possivelmente, o cerca; segurança para livrá-lo de seus maiores medos.

Se for isso o que ele realmente procura, certamente procura no lugar errado. Não basta um lugar calmo para conseguir paz, se dentro de si houver uma guerra interminável. É inútil tentar obter felicidade no sorriso de outra pessoa, se no seu interior as mágoas o desvitalizam. Em vão ousaria tentar encontrar o amor pela vida, se o ódio corrói paulatinamente sua alma. Encontrar um porto seguro não seria apenas uma opção. Seria a solução para uma vida amargurada.