Mãe, vamos embora de Brasília
mãe, junta tuas coisas agora: roupa, dinheiro e o que couber dentro de uma bolsa de costas. tô chegando aí num uber, vamo direto pra rodoviária. a gente precisa vazar de brasília agora. já falei com um amigo meu, ele vai colocar a gente num ônibus que sai pro nordeste às 17:40, vamos lá pras terras dos seus avós. caicó, né? pronto. a gente vai pra lá e não volta mais. nunca mais. sim, sim, aconteceu uma merda grande. na tevê? é, provavelmente é isso mesmo. a oportunidade tava ali e eu fiz. não! não temos tempo de procurar advogado ou o caralho a quatro, mãe. a porra foi séria mesmo. quando começarem a investigar vão acabar chegando no estagiário do cafezinho. é, não tem como voltar atrás. pega tuas coisas e vamos. hã? ele e a equipe estavam passando por lá, acho que foi algum tipo de reunião. me pediram pra levar café e um lanche. se eu sabia o que estava fazendo? achei que soubesse. como? estricnina, aqueles remediozinhos pra rato, sabe? eles têm tudo naquela despensa. diluí uns três no café dele e pronto! eu sei, eu sei, deus desaprova e blá blá blá, mas foi por uma causa maior. não tive opção. agora desliga isso e vai arrumar as coisas. é sério, não podemos perder tempo. eu já tô chegando, explico melhor no caminho. agora? mas--sim, mãe, fui eu sim. eu matei o presidente!