O Relógio

Menina pobre, moradora em Irajá, suburbio do Rio de Janeiro, frequentava a Escola Pública do bairro, era estudiosa e tinha muitas amigas, entre elas, uma em especial : chamava-se Sônia. Filha de família de classe média mas que também frequentava a escola do bairrro - porque naquela época, idos de 1960, a escola particular era apenas para repententes, expulsos da escola pública e etc. – A menina dedicava um carinho especial a Sõnia, estavam sempre juntas, faziam as tarefas de casa geralmente na casa dela, pois sendo pobre não tinha como receber sua amiga em casa e além do mais, na casa de Sõnia sempre tinha um lanchinho especial à tarde e podiam assistir TV após a execução das tarefas.

A mãe de Sónia sabia da condição de vida inferior e difícil que a menina levava mas não fazia ressalvas àquela amizade, por isso, quase todos os dias a menina passava as tardes brincando com Sônia.

Um belo dia, a menina estava em casa com sua mãe e seus irmãos quando o pai de Sõnia chega e chama por ela. Quando ela aparece na porta ele pergunta:

- Onde está o relógio de pulso? –

A menina assustada e sem entender nada, diz:

- Que relógio? Não sei do que o Senhor está falando! –

Sem nenhum respeito pela mãe da menina ele pega a criança pelo braço e diz:

- Você tem um dia para pensar no que fez e devolver o relógio e após esse prazo vou denunciar à policia. –

Dizendo isso foi embora deixando a menina chorando e sem entender nada.

Todos ficaram assustados e a encostaram na parede para que ela confessasse que tinha pego o relógio, tamanha era a certeza do pai de Sõnia que tinha sido ela. A pobre só fazia chorar e repetir que não tinha visto e nem pego relógio nenhum.

Passaram-se alguns dias sem que o pai de Sônia retornasse, todos ficaram sem entender o motivo daquele silêncio. Sônia, por sua vez, seguindo orientações de seus Pais, tinha deixado de falar com a amiga. Sua professôra percebendo que as duas não estavam mais se falando resolveu perguntar o que tinha ocorrido. Então, a menina contou tudo para a Professôra que após ouvir o relato resolveu intervir. Foi até a casa de Sônia conversar com seus Pais e para sua surpresa foi informada que o relógio tinha sido encontrado após uma faxina na sala, o mesmo havia caído atrás de um móvel. Indignada com a falta de sensibilidade da família que após encontrar o relógio não voltou à casa da menina para se desculpar, a Professora vai com a menina até a sua casa e conta o ocorrido.

Moral da história:

“ A pobreza não é digna de consideração e é a primeira a ser culpada em quaquer situação ilícita.”

Audinayde Rios
Enviado por Audinayde Rios em 13/10/2005
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