LOUCURA DOS CAVALOS

                Durante a minha infância eu morava em Carazinho/RS. Meu pai era oleiro - Na olaria, a máquina que movimentava as pás para amassar o barro que originariam os tijolos, era acionada por uma junta de cavalos, e eu com sete anos de idade era o condutor dos cavalos. Até gostava, pois tinha uma cadeira ode eu ficava sentado e mantinha os animais dando voltas vagarosamente sobre um tubo onde o barro era amassado. Às vezes os cavalos tinham que parar para ser retirado o barro do tubo e cortar os tijolos - era o período de descanso para mim e os cavalos – quando os cavalos ficavam quietos no seu descanso eu me sentava num barranco próximo e tinha que buscar algo para me distrair - teve um dia que eu peguei algumas pedrinhas e as arremessava ao longe... coisa de criança, mas umas, resolvi atirar em direção aos cavalos, e alguma pedrinha deve  ter atingido uma parte sensível num dos cavalos e eles começaram a dar coices e a loucura chegou ao ponto que eles arrebentaram os arreios que os prendiam, se soltaram, saíram correndo, atravessaram o campo e entraram no mato donde vinham o barro. A peonada correu atrás para tentar resolver o problema que eu tinha ocasionado – com muito custo capturaram os animais e tiveram que arrumar os arreios e as andanças dos serviços ficou paralisado naquele dia, dando um prejuízo a olaria.  

 Depois do susto os peões me perguntaram o que teria acontecido com os cavalos que eram mansos e ficaram totalmente descontrolados – eu muito assustado pelo fato da minha arte e do grande estrago que ela ocasionou – tremendo disse: não faço ideia!... deve ser uma loucura que deu neles, e não precisava muita arte para levar uma boa surra, imagina aquela arte.  E a peonada e meus pais nunca ficaram sabendo o porquê – era um fato que eu sabia sim, mas guardava a sete chaves e ficou por algum tempo como o assunto que sempre vinha à tona nas conversas e depois passu para o minhas histórias, aqui contadas aos meus 73 anos.