A NORA PREFERIDA

Manzura ama intensamente o seu namorado, faz de tudo para agradá-lo e conquistar dia após dia o seu amor. Mas Anóvio parece não se importar tanto com o amor que sua namorada tem por ele. Ela toma a iniciativa de convidá-lo para o cinema e juntos passarem o dia todo divertindo-se e fazendo um programa diferente, visto que há muito tempo não faziam um programa a dois.

- Amor! Hoje a noite passará um filme interessantíssimo no Novocine, já comprei os ingressos para a gente, será super divertido amor.

Anóvio nem disfarçar sabe, com aquele ar de desânimo diz:

- Hoje não estou a fim de sair, vamos deixar para um outro dia, prometo que faremos um programa interessante.

Manzura com ar de tristeza no rosto não insistiu. No fundo ela sabe que o namorado já não desperta interesse nela e desconfia seriamente que ele tenha uma outra namorada.

Ela é muito amada pela dona Gracinda, que a considera como sua nora preferida, trabalhadora, conversadora, sorridente, amorosa, respeitosa e humilde. Numa das conversas com a sua sogra, Manzura conta-lhe tudo o que estava a acontecer no seu relacionamento com o seu filho.

- Mãe! Estou muito triste. Amo tanto o seu filho, mas sinto que ele já não me ama mais, ultimamente o vejo tão distante de mim e age tão friamente comigo, faz tempo que não me chama de amor e quando o convido para sair, ele dá muitas voltas. Desconfio que ele tenha uma outra namorada, o que faço mãe?

Dona Gracinda espantada com o que acabara de ouvir da sua nora preferida porque pensava que os dois estavam bem, prometeu conversar com o filho e saber dele o que realmente estaria a acontecer.

- Filha! Eu sei que este momento é tão doloroso para ti, de verdade não sabia o que estava a acontecer no vosso relacionamento, pensei que estivessem bem e felizes, mas te dou a minha palavra de mãe que conversarei com ele no sentido de saber as razões do distanciamento e da frieza que ele está tendo contigo.

Manzura ficou muito feliz com o que a sogra prometera e ao mesmo tempo esperançosa de que alguma coisa ia mudar no seu relacionamento porque contava com o auxílio da sogra.

Sendo uma mulher independente, professora de profissão, adorava sair com as amigas aos fins-de-semana. Iam às discotecas da cidade, bebiam álcool e divertiam-se bastante. Tais saídas com as amigas eram frequentes e sem o consentimento do namorado, que estava a terminar os seus estudos numa outra cidade há trinta quilómetros de Dondo e que, viajava de vezes em quando, se o seu tempo permitisse para visitar sua família e sua namorada no Dondo.

Dona Gracinda não sabia que sua nora preferida bebia álcool e que tinha o hábito de sair nas noites com as amigas para frequentar casas nocturnas. Para ela, Manzura era uma mulher perfeita, aquela que ela sempre sonhou para o seu filho.

Num dos finais de semana, Anóvio foi à Dondo para visitar sua família. Chegado à casa, depois do banho e do almoço a mãe chama-lhe e propõe-lhe uma conversa.

- Filho! Tenho conhecimento que o seu relacionamento com Manzura não está tão bem. Ultimamente ela anda muito triste porque tu te distancias cada vez mais dela e ages de uma maneira tão fria com ela. O que está a acontecer contigo filho?

Anóvio é uma pessoa que não gosta de falar da sua vida amorosa aos amigos, nem mesmo à sua família. Sempre pautou por uma descrição no seu sentimentalismo amoroso. Diante do questionamento da mãe, ele responde:

- Nada de grave mãe. É que ultimamente ando muito ocupado com os trabalhos na faculdade. Prometo que darei atenção a ela.

Ele não quis ser franco a sua mãe em dizer que o comportamento ruim que a sua namorada vinha tendo é o que o afastava cada vez mais dela.

Naquele final de semana não cruzou com Manzura porque ela havia viajado para Búzi visitar seus tios que estavam doentes. Comunicaram-se via telemóvel e conversaram quase nada, sendo que no final do dia Anóvio deveria regressar à Beira porque tinha de preparar a matéria para no dia seguinte realizar um teste na faculdade.

Manzura, ao seu regresso do distrito do Búzi, foi directamente à casa da sua sogra. Quando lá chegou, cumprimentou dona Gracinda e começaram a conversar em torno dos questionamentos que sua sogra fez ao seu filho, com o intuito de saber o que estava a acontecer com ele.

- Bom dia mãe! Como foi a conversa com Anóvio? Questiona Manzura.

- Bom dia filha! Não te preocupes tanto, nada de grave. Ele disse que anda muito ocupado com os trabalhos da faculdade, por isso tem andado distante, mas prometeu dar-te mais atenção. Já é um bom sinal, isso mostra que ele ainda te ama filha. Responde dona Gracinda.

Manzura ficou tão feliz e na noite daquele mesmo dia saiu com as amigas para mais uma diversão no Garrafão. Bebeu demasiadamente até chegar ao ponto de não mais conseguir manter-se em pé, ficou estatelada no chão e as amigas a abandonaram. Teve que ser conduzida para sua casa por alguns homens que lá estavam e que a conheciam.

Anóvio, apercebendo-se do que havia acontecido com a sua namorada, ficou tão furioso e com agravante de não se tratar da primeira vez que algo parecido acontecia, não quis saber de mais nada, simplesmente colocou fim ao relacionamento telefonicamente.

Desde aquele dia não quis mais saber dela.

Manzura, por várias vezes pediu desculpas, tentou explicar-se, mas Anóvio não lhe dava espaço porque não queria vê-la. Tentou pedir ajuda a sogra, porém sem sucesso porque Anóvio pediu para que a mãe não se intrometesse nas suas decisões.

Apesar da dona Gracinda tê-lo insistido por várias ocasiões, insistentemente em reatar o seu relacionamento com Manzura ele não recuou na sua decisão.

Manzura continuou a frequentar a casa da dona Gracinda, ela era bem-vinda na casa e as duas tinham boas relações. No fundo ela ainda tinha a esperança de um dia reatar o seu relacionamento com Anóvio porque contava com a ajuda da sogra, mas não sabia que ele já não queria mais nada e que não queria vê-la nem pintada de ouro.

Depois de algum tempo, Anóvio terminou o seu curso e voltou para casa. Conheceu sua nova namorada Kikas, uma moça extremamente linda que frequentava a décima segunda classe numa das escolas secundárias da cidade. Os dois tiveram um relacionamento muito forte e bastante lindo, gostavam-se um ao outro intensamente e namoraram durante seis meses até o dia em que Anóvio decidiu levar Kikas à casa da sua mãe para apresentá-la.

Chegados lá, apesar de tê-la apresentado com brilho nos olhos, dona Gracinda não gostou da ideia do filho ter uma outra namorada que não fosse Manzura, a sua nora preferida. Fez cara feia e Kikas apercebeu-se que dona Gracinda não foi com a sua cara.

Como namorada, Kikas passou a frequentar a casa da dona Gracinda, mas não era bem-vinda porque a mãe do Anóvio não gostava dela. Simplesmente não a queria como sua nora e esposa do seu filho.

Dona Gracinda não se preocupava com o sentimento do seu filho, em saber realmente quem é o seu amor verdadeiro e com quem realmente ele desejava casar-se. Criou uma situação de desconforto tão grande para Kikas até ao ponto dela desistir de frequentar a casa.

Vendo tal situação e constatando que a mãe não apoiava o seu relacionamento, Anóvio decidiu abandonar a casa da mãe e morar com a sua nova companheira longe da cidade do Dondo, onde teria conseguido um emprego como contabilista numa instituição bancária.

Dona Gracinda nunca soube das reais causas do filho ter terminado o relacionamento com Manzura, mas a certeza é que Anóvio sempre sonhou casar uma mulher que o compreendesse, que não bebesse álcool e que o ajudasse a progredir na vida. Essa mulher chama-se Kikas.

Manuel Chionga
Enviado por Manuel Chionga em 31/07/2017
Reeditado em 08/08/2017
Código do texto: T6069786
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