Mais Amor, por favor!

Hoje acordei e como de costume, após a minha higienização matutina desci até a padaria da esquina, mas não tinha pão. O padeiro não foi trabalhar.

Ao passar pela portaria do meu prédio, algo me chamou a atenção. O porteiro não foi trabalhar.

A vizinha que cuida da minha vida não botou a cara na janela e seu filho de seis anos, com o uniforme escolar, parado no elevador, me pediu para leva-lo até a escola, mas não teve aula. A professora não foi trabalhar.

O ônibus para o meu trabalho não passou. O motorista não foi trabalhar. Não levei bronca por chegar atrasada no serviço. O meu chefe não foi trabalhar.

Tivemos problemas na rede elétrica, mas o eletricista não foi trabalhar. Pegou fogo na igreja no fim da rua e liguei para o bombeiro, mas o bombeiro não foi trabalhar.

Houve um assalto no supermercado, mas a polícia não foi trabalhar.

As ruas estavam repletas de lixo, mas o lixeiro não foi trabalhar.

Fiquei doente e fui ao hospital, mas o médico não foi trabalhar.

Liguei para o disque denúncia, mas a atendente não foi trabalhar.

Pensei estar ficando louca e procurei uma psicóloga, mas a psicóloga não foi trabalhar.

O pombo estava faminto no meio da praça, mas o velhinho não foi alimentar.

Onde estariam as pessoas? O que teria acontecido com a humanidade? Era o Apocalipse ou teria eu viajado no tempo? Jesus já teria voltado e arrebatado os puros de coração? E eu? Também não era merecedora da sua compaixão? Mais tarde descobri que a justiça do meu país decretou estado de calamidade pública por causa de um vírus poderoso chamado “Amor”. Ninguém saiu de casa neste dia porque estavam todos “gays” e aguardavam uma cura. Mas, o amor é a cura. Se nos amássemos não haveria dor. Se nos amássemos não haveria preconceito. Se nos amássemos não haveria ódio. Se nos amássemos não haveria crime. Se nos amássemos não haveria guerra. Se nos amássemos não precisaríamos do perdão.... Enfim, o amor deveria ser a única lei para reger uma nação. Como já disse o grande filósofo Raul Seixas: “Essa noite eu tive um sonho de sonhador, maluco que sou acordei no dia em que...” O Brasil retrocedeu 30 anos.