O Cravo brigou com a Rosa por minha causa

Eu juro, gente. Não era a minha intenção causar um desequilíbrio nas estações do ano pelo simples fato de beijar um cravo. Tudo começou quando minha prima Vera me convidou para ir com ela até a pequena e charmosa Holambra, conhecida por todos como cidade das flores. Chegando lá fiquei bestificada com as variedades de flores e cores. Como sou uma pessoa colorida me senti em casa, e mais rápida que um espermatozoide corri até um canteiro para tocar, beijar e cheirar um belíssimo cravo. Adoro cravos, eles me fazem lembrar, não sei por que, do ator Rodrigo Lombardi. Adoro homem com cara de homem e Lombardi tem, assim como o cravo, mas isso não vem ao caso agora. Depois de ter namorado pra caramba o cravo, voltei para a pensão onde estava hospedada com minha prima. De madrugada, acordei com muito frio, meu corpo estava congelado. Achei muito estranho, pois quando fui dormir estava um calor de fazer galinha comer milho e cagar pipoca. Levantei tremendo, fui até a cozinha e de repente não mais que de repente levei um baita susto. Vi uma borboletinha na cozinha fazendo chocolate. Ouvi risos de crianças e quando olhei perto do fogão tinham mais duas borboletinhas rindo da minha cara e dizendo:

- Mamãe, mamãe, nossa madrinha que tem perna de pau, olho de vidro e nariz de pica-pau acordou.

- Poti, Poti, olhem o respeito!

Foi difícil de acreditar no que meus olhos de vidro estavam vendo, as borboletas falavam e as bebês chamavam Poti, Poti? O que será que eu havia cheirado naquele cravo? Peraí, que história é essa de perna de pau, olho de vidro e nariz de pica-pau? Corri até o espelho mais próximo e soltei um interminável grito quando me vi. Estava parecendo uma Quimera. Mamãe borboletinha ofereceu-me uma xícara de chocolate quente e me disse:

- Tudo isso que está acontecendo é culpa sua. Não devia ter metido o nariz onde não devia, Beth. Depois que você beijou o Cravo, a Rosa com ciúmes quebrou o pau com ele. O Cravo saiu ferido e a Rosa despedaçada. O Cravo teve um desmaio e não voltou. A Rosa pôs-se a chorar e não parou mais.

- Onde está a minha prima Vera? – Perguntei afoita

- Já se passaram muitos anos. As lágrimas da Rosa se transformaram em neve e em nosso mundo agora só existe o inverno.

- E o que devo fazer para mudar essa situação?

- Você deve voltar até o canteiro e beijar a Rosa também. Ela estava lá e você não a viu. Só beijou o Cravo. Ela ficou muito chateada.

- Beth, Beth, Beth! Acorda! Já está na hora de irmos embora.

- Prima Vera, você voltou.

- Voltei de onde, Beth? Nem saí do quarto. Vamos embora.

- Espere. Antes tenho que dar um beijinho em alguém.

Beth beijou a Rosa ciumenta e no mesmo instante, iluminou-se a face da Terra. A escuridão e frio no mundo da Borboletinha foram banidos. A luz e o calor renovaram a vida de todos os seres. Flores brotaram do chão. Perfumes embalsamavam o ar. Ás águas entoaram vibrantes melodias.