SILÊNCIO E SOLIDÃO

Meu caro leitor, minha cara leitora, o silêncio às vezes é benéfico e, em outras determinadas situações machuca e fere a alma.

É o caso da dona Belinha, uma mulher de sessenta anos ainda bonita e saudável, mas naquele dia sentia-se triste e solitária naquela casa.

Era um sábado, 24 de dezembro, uma festiva véspera de Natal, ela se encontrava fragilizada naqueles momentos próximos da meia noite.

Nunca havia passado um Natal sozinha e a solidão naquele dia aterrorizava muito. Sentada na sala só com um abajur aceso recordava de outros Natais com seus quatro filhos, menores, dois meninos e duas meninas em idade escolar, com gritarias, corre-corre e algazarras.

Via sua mesa repleta de variadas comidas e bebidas, agora totalmente vazia. Ela vivia só com os filhos pois tinha perdido seu marido muito cedo.

Olhou para o relógio de parede e nesse momento estava chegando a meia-noite, sentiu um forte calafrio e lágrimas jorraram molhando todo seu rosto e pensou consigo mesma, eu era uma mulher forte, corajosa e decidida e, agora estava prestes a sucumbir.

Caros leitores, passe os últimos segundos de silêncio com dona Belinha, se for possível desligue a televisão e feche os olhos por alguns momentos e pense num som de clique, clique, clique, de uma roseira florida balançando por uma brisa suave que roçava numa estaca de suporte, que dona Belinha ouvia naquele momento. A rua estava silenciosa e deserta nesse momento e ela voltou a chorar copiosamente, prestes a desmaiar quando o relógio ia bater as badaladas da meia noite. Os sinos das igrejas iriam repicar anunciando a chegada do Natal de Jesus.

Foi nesse momento que ela ouviu um grande barulho, que mais parecia um tsunami ou um tornado, as portas que não estavam trancadas se abriram e entraram ao mesmo tempo seus dois filhos e duas filhas e doze netos correndo pelo corredor da casa, com patinete, bicicletas, bolas e bonecas.

Abraços e mais choros mas, dessa vez de alegria e os filhos que moravam cada um em cidade diferente não haviam combinado nada e foi pura coincidência ou, talvez o amor de mãe que tenha os atraídos para aquele exato momento.

Em cinco minutos a mesa estava posta com peru e outras carnes prontas e iguarias trazidas pelos filhos. A alegria voltou a reinar naquela casa, há poucos minutos antes, triste e sombria, agora todas as lâmpadas foram acesas e a árvore de Natal com os presentes de todos daquela numerosa e feliz família…

É a força e o mistério do Natal !

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 14/10/2017
Reeditado em 12/11/2020
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