QUE VONTADE DE BATER NAQUELE PADRE

Era num mês de agosto. Bastante frio. E um grupo de trinta artistas, entre músicos, cantores, poetas, escritores e declamadores, foi fazer uma apresentação, através do Projeto Cultural VOZES DA CIDADE, numa cidadezinha à mais de trezentos km da capital do Rio Grande do Sul.

Uma platéia de pouco mais de duzentas pessoas. A prefeita fez a abertura e retirou-se (tinha outros compromissos políticos). Ficou, então o secretário de Cultura do município prestigiando o evento.

Estava indo tudo muito bem... Uma integração perfeita entre os artistas da capital com os artistas “da terra”. E a platéia escutava atenta e aplaudia cada um dos participantes que se apresentava... Até que de repente aparece um bêbado... E cada vês que alguém subia ao palco, o bêbado jogava um como no chão e quebrava. E o rapaz que atendia no balcão, lhe alcançava outro copo. E isso se repetiu várias vezes. E se não bastasse, o bêbado ainda dizia palavrões e dava gargalhadas. O apresentador, fazendo uso do microfone, pediu algumas vezes, educadamente, que o “senhor alcoolizado”, fizesse silêncio!... De nada adiantou!... Ninguém fazia nada!... E o bêbado continuava a quebrar copos e dar gargalhadas!...

O apresentador, “indignado” com o desrespeito... (Pois haviam viajado por mais de quatro horas para a referida apresentação e parecia que não estava sendo dado o devido valor ao esforço dos artistas). Desfraldou seu poncho de lã de ovelha, que vestia devido ao frio, e...

Dizendo, mas em altos brados, se nesta cidade não existe polícia, não existe autoridade, não existe nenhum homem que possa retirar esse sujeito pra fora, então eu faço à minha maneira!... E, deixando seu poncho meio enganchado no microfone e pedestal, desceu do palco “furioso”!...

Ao descer o último degrau da escada, o padre (que assistia o evento atentamente), o segurou pelo braço e, com voz “hipócrita e mansa”, diz; “É só um bêbado, meu filho. Deixa pra lá”!...

Nesse momento então, um policial aposentado (amigo do apresentador), vai ao encontro do “elemento perturbador” e pede para que se retire!...

Inversão de valores!...

Um grupo de artistas coordenados por um Projeto Cultural sério... Mais de trezentos km percorridos... Autoridades locais... Mais de duzentas pessoas que saíram de suas casas para o evento... Tudo isso, na opinião do “religioso”, menos importante que aquele bêbado!

...QUE VONTADE DE BATER NAQUELE PADRE!...