O Gatilho da Crise

E com a mais profunda urgência enterramos determinados sentimentos combatendo exaustivamente o que há de nocivo em nosso coração: atacar o parasita do amor não correspondido é expulsar da alma a súbita doença que nos arrasta aos sonhos impossíveis, à cega esperança que permanece na clandestinidade.

(Somos mariposas atraídas para a luz!)

Contudo, o prognóstico maléfico da falta de reciprocidade é sempre impiedoso: destrói lentamente as ambições dilatadas provenientes de nossas patéticas ilusões. A decepção é um mal sem cura e a indiferença sentimental é apenas o resultado final da extinção de frustradas expectativas.

(Adquirimos a sombria habilidade de castração dos desejos mais violentos!)

Entretanto, a proximidade física é mortal inimiga do desapego: a sensação do reencontro é ação magnética que rejeita a ordem expressa de silenciar uma paixão fortemente reprimida. A evasão torna-se, portanto, a única alternativa disponível para deter as previsões catastróficas decorrentes das perigosas circunstâncias - afinal, como habituais infratores, estamos sempre sujeitos à reincidência no crime.