Verdades Amargas

Eu proponho um brinde às paixões fulminantes: aquelas que provocam vertigens, soltam faíscas e ardem na alma! Quem não gosta, afinal, do friozinho na barriga, da sensação de borboletas no estômago e das pernas bambas a cada nova descoberta? São paixões que atraem na mesma proporção em que amedrontam - tão intensas quanto efêmeras e conforme se esvaem, deixam o nosso coração em estado avançado de putrefação.

(Mas quer saber a verdade?)

Despir as roupas é muito fácil, complicado mesmo é despir as máscaras. Vomitar declarações fajutas próprias de um amor dissimulado é simples, difícil é permanecer voluntariamente apesar de todos os medos, inseguranças e imperfeições. Somente quando a ficção cede lugar à realidade e a rotina não é capaz de massacrar uma relação, a entrega pode ser plena - nunca subestime o poder mágico da sucessão dos dias que fazem as barreiras que criamos ao longo dos anos desmoronarem.

(Acredite: o tempo nem sempre é o vilão do nosso conto de fadas.)

Desculpe, mas dispenso qualquer relacionamento com prazo de validade. Ainda procuro secretamente alguém que não me considere apenas um maldito pedaço de carne - chega dos sentimentos ardilosos que bóiam entre um arrogante desinteresse! Hoje em dia almejo algo mais profundo, mais absoluto: talvez até uma convicção ameaçadora de quem sabe o que realmente deseja.