Na minha casa, quando eu era criança, tinha uma cristaleira onde minha mãe guardava os copos mais finos para vinho, licor e uma garrafa de champagne. Meu pai a reservava para uma ocasião especial. Entrava ano e saía ano e essa ocasião nunca chegava. Um dia, no entanto, minha irmã mais velha disse que ia trazer o namorado que iria pedir, aos meus pais, a mão dela em casamento. A ocasião especial havia chegado.
Família reunida, filhos e primos, mesa arrumada, comida caprichada, vinho, licor. O famoso champagne, para o brinde, no centro da mesa.
Meu irmão de 16 anos, magrinho, pede ao meu pai para deixá-lo abrir a garrafa. Ele a acaricia com cuidado e, com toda sua força, puxa a tampa que sai, provocando um barulho forte. Com o susto ele deixa cair a garrafa, que cai ao chão e se parte em pedaços.
Minha mãe, supersticiosa, acha logo que é um sinal de que o casamento não vai se realizar e, caso aconteça, será para a infelicidade do casal.
Um dos primos, para amenizar a situação, inventa que havia lido que quando a garrafa caía e não se quebrava, isso realmente era sinal de azar. No entanto, quando ela caía e se quebrava, significava que o casal ia ser feliz, ter muitos filhos e ganhar muito dinheiro.
Minha mãe suspirou aliviada.
Um ano depois eles se casaram. Depois de dez anos tiveram um único filho e estão mais duros do que pau de dar em doido.
Moral: meu primo, como vidente, não vai ganhar nem pro cafezinho.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 01/07/2018
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