Momento da entrega da premiação aos escritores classificados no concurso literário de São José dos Pinhais - Pr
                         

USE O CINTO SENÃO... SINTO MUITO
 
 
                   Antes da aurora Abedenego costuma levantar. Prepara o seu café, junta o lixo e leva até à lixeira na beira da rua. Depois disso toma o seu cafezinho. A sua esposa dona Mália levanta só depois que os serviços básicos estão todos prontos. Entra no trabalho às sete da manhã e toca até dezesseis e algumas vezes até o final do dia. No volante sempre cuidadoso. Mas como dizem, existem aqueles momentos de bobeiras. Até ali com ele não havia acontecido.
                  Houve um dia em que choveu ao amanhecer. O senhor Abedenego pegou o seu carro e saiu para o trabalho. Deu carona para o seu colega Manoel, mais conhecido entre os amigos como Mané ou Manezão. Lá se foram os dois estrada afora. Conversavam e davam risadas enquanto a chuva caía sem parar.
                  - Mané, coloque o cinto. – Falou Abedenego em tom de brincadeira. Eu estou com o meu. Você não, Manezão.
                   “Risos”.
               - Rindo, mas agora é sério. Coloque o cinto senão sinto muito. – Ordenou o amigo do volante.
                - Sinto muito meu amigo. A estas horas não existe policial por aqui. Não precisa. - Respondeu Mané.
                  - Quem avisa amigo é...
         Depois dessa conversa seguiram em silêncio. Abedenego preso no cinto e o amigo sem. Numa curva a aproximadamente um quilômetro dali, o carro derrapou. O jovem senhor que conduzia o veículo na hora do apuro se perdeu no volante. Este desgovernado rodopiou na pista. Saía e voltava na estrada. Capotou. Naquela hora Manoel foi arremessado para fora. Bateu a cabeça no chão. Teve lesões graves. Demorou meses para se recuperar.
             A prudência do Abedenego evitou uma gravidade sem tamanho. Poderia ter ido a óbito. Mas teve apenas ferimentos leves. O que ajudou a evitar o pior foi o cinto de segurança.
                 Depois de quase um ano, o amigo que trafegava no veículo como passageiro e teve o acidente grave voltou à vida normal na empresa. Mané e Abedenego continuaram a ir trabalhar com o carro. Rachavam o combustível, mas ambos utilizando o cinto de maneira correta. A conversa do Manezinho mudou. Dali em diante este alertava o amigo motorista e colega de trabalho sobre o uso de tão importante equipamento de segurança.
                     - Use o cinto Abedenego. Se não usar... sinto muito.
Ambos riram.
                         - Aprendeu né seu Manezão.
                 Continuaram rindo os amigos como se alguém lhes falasse uma piada...
 
 
(Christiano Nunes)
 
 
 
PS.: Com o conto acima, tivemos a felicidade e a sorte em ficarmos com a Menção Honrosa no concurso literário 2018 promovido pela Secretaria da Cultura de São José dos Pinhais – Pr.

Obrigado meu D'us