Estação Uruguaiana "Parte 1".

Rio de Janeiro. Outubro de 2016.

- Victor?

- Oi, mãe?

- Acabei de ouvir um anúncio na rádio globo.

- Que anúncio?

- Um anúncio de emprego. Você tem que aprender a escutar rádio meu filho e esquecer a internet.

- Tá mãe! Mas iai, que anúncio da rádio globo que a senhora tá falando? É na minha área?

- Não. É em outra área, mas, você precisa de experiência.

- Quais as vagas e onde é?

- Eu escutei que era atendente de loja e auxiliar de prevenção de perdas.

- Auxiliar de Prevenção de Perdas?

- Sim, este ganha mais que ser atendente. Você podia ver qual é.

- Eu não sei...

- Meu filho enquanto você não encontra nada na sua área, vai procurando e trabalhando em outra.

- Tem razão mãe, eu preciso ganhar uma grana até para fazer algum curso e me qualificar para o mercado de trabalho.

- Então vai lá e vai qual é, mas, não se esqueça do currículo.

- Antes de tudo vou pesquisar o que faz um auxiliar de prevenção de perdas porque pelo o nome, deve ser um cargo importante.

Dia seguinte. Cinelândia, Rio de Janeiro.

- Caramba! Olha o tamanho da fila.

A fila não andava e mais gente chegava e mais a fila crescia. Foram duas horas esperando e vi pessoas desistindo, perdendo para o cansaço, não aguentavam ficar mais ficar paradas em pé, o estomago roçando de fome também era um obstáculo. Duas pessoas que estavam na minha frente decidiram ir embora e voltar amanhã mais cedo. Tento ser o mais resistente possível, a fome também estava batendo no meu estomago e o que parecia que iria demorar, foi resolvido em poucos segundos. Um homem apareceu fazendo uma contagem das pessoas que estavam ali. Parecia-me que ele iria chamar um determinado número de pessoas para entrar no Rh da empresa e os que ficarão de fora vão ter que aguardar por mais algum tempinho, mas, fomos surpreendidos.

- Pessoal, boa tarde. Até este rapaz aqui que é o número vinte é que vão entrar para a entrevista o pessoal que ficou de fora, só amanhã.

Eu fui o último, o número vinte. Agradeci a Deus pela a primeira vitória do dia, ter ficado horas em pé seria um sinal do que poderia estar por vir? Será que ficar de pé teria sido o teste da empresa para separar os fortes dos fracos?

Enfim, depois que os selecionados do dia entraram no Rh, até que não demorou muito para que me chamassem. Depois de cinco pessoas, fui chamado para comparecer a uma sala, eram muitas salas, pediram que eu fosse para sala três. Lá encontrei um homem chamado Ivan que trabalhava com prevenção de perdas. Ele me explicou como era a rotina de um auxiliar de prevenção de perdas e me perguntou se eu queria realmente trabalhar neste ramo.

- Então, Victor. Você confia nas pessoas?

- Confio.

- Confia em todas as pessoas?

- Quer dizer, não em todas.

- Neste trabalho você tem que confiar, mas, desconfiando. Às vezes uma pessoa entra na loja e vem mostrando simpatia, querendo puxar assunto ou pedir informação, mas é para que você pense que ela é uma cliente comum e ai ela se sente livre para furtar.

- Entendi.

- É por isso que não se pode confiar nas pessoas. Os furtantes vem sempre com uma tática de ser agradável com quem trabalha na loja.

- É bom saber disso.

- Sabe Maurício, eu gostei de você. É um cara grandão, não é muito magro e assusta. Tá preparado?

- Estou isso quer dizer que fui aprovado.

- Foi. O seu perfil bate com os que estamos procurando.

- Obrigado. E onde vou trabalhar?

- Vai trabalhar no shopping.

Eu olhei para a cara do recrutador com uma expressão de que era é a última coisa que eu queria era trabalhar num shopping. Até porque, shopping abre de domingo a domingo, ou seja, as lojas também abririam de domingo a domingo, você não ficaria nos fins de semana em casa.

- E então, tá tudo certo?

- Está.

- Daqui a duas semanas, você começa. Boa sorte!

- Obrigado!

Sai do Rh da empresa na ansiedade. Na ansiedade de já começar a trabalhar, não voltei para casa e sim fui dar uma volta e cheguei a ir até ao Museu do Amanhã que fica na Praça Mauá. Pra quem não conhece a sua localização, fica na zona portuária do Rio de Janeiro. Estava um dia lindo, tava um calor só de quem conhece o Rio de Janeiro sabe como é hahaha. E então, liguei para a minha mãe e contei a novidade para ela.

- Oh meu filho, fico tão feliz que você tenha conseguido.

- É, mas, vou ter que esperar duas semanas para eles me chamarem.

- Isso não importa, o que importa é que você conseguiu.

- Daqui a pouco estou chegando em casa, até mais.

Fiquei feliz por ter conseguido o meu primeiro emprego. Fiquei admirando a paisagem, a baía de Guanabara por um tempo até que peguei o rumo pra casa.

Passaram dois até que o telefone toca, fui pego de surpreso pois a ligação era do Rh da empresa.

- Alô Victor?

- Sim é ele.

- Tudo bem, o meu nome é Geraldo do Rh da empresa em que você vai trabalhar. Tudo bem?

- Tudo.

- Estou te ligando, pois surgiu uma vaga numa loja de rua aqui no centro do RJ. Está interessado?

- Claro!

- Que bom, então eu te espero amanhã aqui no Rh para que eu te passe o endereço.

No dia seguinte, estava eu indo até o Rh da empresa. Estava um sol de rachar a cabeça, um calor insuportável, ainda bem que no Rh tinha um ar-condicionado. Chegando lá, vi uma fila enorme como a que eu tinha enfrentando mas, como era para pegar o endereço da loja onde iria trabalhar, não precisei passar por tudo isso de novo. Fui direto, entrei e me informei, fui convidado a entrar e ir direto a uma sala onde o Geraldo o homem que tinha me ligado, estava numa determinada sala avaliando outros candidatos. Bati na porta.

- Com licença!

- Pois não?!

- O senhor é o Geraldo?

- Sim, sou eu.

- O senhor me ligou...

- Ah sim, você deve ser o Victor. Entre!

- Obrigado!

- Então, vai ser um jogo rápido. Surgiu uma vaga aqui no centro do RJ, na Rua do Ouvidor.

- Rua do Ouvidor?

- Isso. Na Uruguaiana.

- Conheço a Uruguaiana.

- E conhece está loja?

- Nunca reparei.

- Bom, o endereço é este aqui isso se estiver interessado, mas senão estiver, pode esperar para trabalhar no shopping.

- Não! Estou muito interessado e quando eu começo?

- Amanhã dez da manhã!

- Ok.

- Boa sorte Victor!

- Mais uma vez obrigado.

Sai de lá com o endereço da loja onde iria trabalhar. Rua do Ouvidor... Como não guardo nomes de ruas, fui ver onde era a loja.

Uma coisa era eu sabia onde era a Rua Uruguaiana então, fui até lá e chegando lá perguntei onde ficava a tal Rua do Ouvidor. Fiquei sabendo onde era através de uma placa essas que ficam em cada esquina com o nome de rua. Finalmente encontrei a loja, fiquei parado observando e então decidi entrar para comprar um biscoito, a loja estava cheia, era horário de almoço, mas fui embora rapidamente ao me assustar com os preços dos biscoitos.

- O que?! Vou é na casa do biscoito!

Sai em menos de 1 minuto. Fui embora assustado com os preços altos da loja.

Fui embora pra casa porque no dia seguinte iria começar o primeiro capítulo da série.

No dia seguinte, acordei cedo para não perder a hora, mas, isso seria uma das poucas vezes que iria acontecer, pois chegar no horário se tornou um desafio para mim. Fui chamado muito à atenção por conta disso. Tomei café, arrumei a minha mochila, falei com os meus pais e fui para a estação de trem e de lá rumei para o serviço.

Foram menos de uma hora até chegar a central do Brasil e então fui caminhando até a Rua Uruguaiana. Enquanto estava à caminho, fiquei pensando no que poderia vir daqui por diante e quanto mais eu chegava próximo ao destino, a ansiedade batia e e com ela vinha pensamentos de todos os tipos: bons, ruins, legais e etc.

Cheguei à Rua Uruguaiana meia hora antes, restava chegar na Rua do Ouvidor.

Chegando à tal rua, fiquei parado no cruzamento entre a Rua Uruguaiana e a Rua do Ouvidor, fiquei olhando para a porta onde tinha entrado ontem. Respirei fundo e fui encarar o primeiro dia de trabalho.

Chegando na porta, tinha um homem parado do lado direito vestido com uma camisa social branca, gravata cinza e calça cinza. Ele aparentava ter uns quarenta e poucos anos fui falar com ele.

- Bom dia! Aqui é a loja cinco?

- Bom dia! É sim.

- É que eu vim para trabalhar como auxiliar de prevenção de perdas.

- Ah você é o rapaz novo... Só um instante.

Automaticamente o homem pegou um rádio e se comunicou com outra pessoa.

- Olha o novo A.S chegou e está aqui na porta da P2.

Pensei o que esse cara tá falando? O que é A.S? E o que P2?

Ele insistiu várias vezes para alguém me receber.

- Pessoal, o novo A.S está aqui.

Continuava sem entender nada sobre esse tal de A.S... A loja estava cheia, quando entrei nela no dia anterior, não tinha reparado que era uma loja muito grande, tinha visto só a escada rolante. O Homem então disse:

- Tá vindo alguém ai.

- Ah é?

Então surgiu uma mulher.

- Oi, bom dia. Você é o novo prevenção de perdas?

- Isso.

- Qual o seu nome?

- Victor.

- Prazer Victor. O meu nome é Guaraciara. Vem comigo.

Guaraciara, uma A.S experiente, tinha quatro anos de casa.

- Você tem camisa branca?

- Não.

- E marmita você trouxe?

- Também não, porque não sei como aqui funciona.

- Vou te arrumar uma camisa.

Fomos andando por dentro da loja, que loja enorme parecia um shopping. Fomos à parte de roupas e lá ela conseguiu uma camisa branca com uma senhora chamada Dona Graça.

- Então Victor, vai lá no vestiário e coloca essa camisa branca. Vou te levar no G.V pra você guardar a sua mochila.

Pensei comigo de novo: O que é G.V?

- O G.V é uma sala pequena onde fica os armários dos funcionários. É lá que as mochilas, bolsas e etc ficam guardadas. Os auxiliares de Prevenção tem o poder da chave do G.V(guarda volume) e quando algum funcionário ou promotor de loja quiser alguma coisa sua que esteja no G.V, teria que chamar um A.S e assim para saídas e entradas, o que gerou muita confusão pois os A.S quando estavam ocupados, as pessoas ficavam esperando por muito tempo lá.

Guardei a minha mochila no G.V e então a Guaraciara disse:

- Victo, o banheiro fica lá em cima. Só não se esquece de por a camisa dentro da calça.

- Ok.

Subindo as escadas, encontrei o banheiro e o vestiário da loja. Troquei a camisa e desci para o G.V onde a Guaraciara se encontrava por lá atendendo outras pessoas.

- Vai guardar a camisa?

- Vou.

- Depois você vê se tem um armário vago pra você por as suas coisas.

Dentro do vestiário também tem armários onde os funcionários podem guardar camisas, shorts, calça e assim vai.

Em seguida, Guaraciara me leva para dar uma volta pela a loja. Vi que tem três entradas em ruas diferentes, está eu não sabia. Depois de poucos minutos ela me deixa na porta com o homem que tinha me informado.

- Ai você fica aqui um pouco que vou pegar um rádio pra você lá em cima e vai aprendendo com ele.

- Ok.

Guaraciara partiu para outro lugar e eu fiquei na porta parado observando o movimento na loja.

- Qual o seu nome?

- Victor.

- Prazer, sou Antônio.

Esse é o Antônio. Tinha um ano que estava trabalhando na loja, é morador de Madureira o reduto do samba mas, é evangélico e não curte samba. Foi o primeiro A.S que conheci mas, a continuação desta história fica para o conto seguinte.

Um texto de Victor Nunes.

Victor Nunes Souza
Enviado por Victor Nunes Souza em 25/02/2019
Reeditado em 20/03/2019
Código do texto: T6583869
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