Estação Uruguaiana "Parte 9".

O carnaval arrasta uma multidão pela as ruas do Rio de Janeiro no intuito de se divertirem. Ao contrário deste clima de diversão e harmonia, as manifestações ou protestos contra o governo tinham o clima bem mais pesado. Além do mais, as manifestações se consistem do povo ir às ruas pelo os seus direitos. Em 2016, teve a manifestação da PEC 241 onde reuniu uma grande quantidade de pessoas no centro do Rio de Janeiro. Eu nunca tinha vivido aquilo e apesar de não estar no meio dos manifestantes, senti que estava lá no meio deles. A manifestação começou ainda de tarde, muita gente ainda estava em horário de trabalho e várias lojas e bancos prevendo que o pior poderia acontecer, fecharam as portas e liberaram os seus funcionários para irem para casa mais cedo e com segurança. A nossa não dava nem sinal de que poderia fechar; eu era novo na loja, dias antes tinha aprendido a fechar as portas, também dias antes dessa manifestação ocorrer, recebemos um novo A.S na nossa equipe, era o Fabrício, ele ainda não tinha aprendido as tarefas que nós fazíamos mas, já ficava nas portas.

Lembro que no dia da manifestação, havia uma correria e explosões de granadas no Largo da Carioca e na Rua Sete de Setembro. Por ter acontecido no horário da tarde. Guará, Antônio e Sadraque estavam indo para casa. Fiquei no salão sozinho com a chave do G.V, eu tinha que ver o problema dos manifestantes e ainda tinha que atender o G.V pois o pessoal do primeiro horário estavam indo para casa. Fernando estava no horário de almoço e então tive que ser o líder naquele momento; o Paulo poderia ter assumido, mas, ele estava na porta da P3(Ramalho Ortigão) Junto ao Carlos para fortalecer o fundo da loja pois aquela porta ficava bem próxima da Sete de Setembro onde a confusão estava começando e o Carlos não passava nenhum informe. Toda hora era um ou um grupo chamando no G.V. eram associados e promotores indo embora e quando estavam lá, alguém passou o rádio para quem estivesse no salão fosse imediatamente até a porta da Uruguaiana por que a confusão estava para começar. Sadraque que estava indo embora até disse:

- Vai lá! É urgente!

Liberei o pessoal para ir embora e fui correndo para a porta da Uruguaiana. O Falcão que nos primeiros contos aparece, estava na loja. Só que o Falcão não sabia fechar as portas, fui até lá e vi que ele estava com dificuldades para colocar os ferros nas vitrines e na porta. Alguém tinha me chamado para ir até o G.V para liberar alguns associados, disse para o Fabrício ir até lá e pedi para o Jefferson que era o promotor da Motorola para ficar de olho na loja, fui ajudar o Falcão a colocar os ferros nas portas. Com o início da confusão, vi muita gente entrando na loja e pedindo para que eu fechasse o mais rápido possível as portas o problema é que a Dona Eva e dizia a todo momento:

- Calma Victor! Calma Victor!

Da rua do Ouvidor vinha os Black blocks. Homens e mulheres com mascaras querendo quebrar tudo. O pior era o gás de pimenta que vinha da Av. Rio Branco e chegava na Uruguaiana e entrava na loja é por isso que digo que mesmo você não estando no meio da confusão, a confusão vai até você. Foi um dos momentos mais tensos que tive na loja; Graças a Deus naquele dia, nada de grave aconteceu e no final a confusão se concentrou na Av. Primeiro de Março e Rio Branco e a loja seguiu aberta até às oito da noite.

Está não foi a única manifestação que teve, no início de 2017 também houve a manifestação contra a reforma da previdência e essa teve um maior quebra quebra. Não sei exatamente o que aconteceu durante à tarde por que neste período, Fernando me ofereceu o horário das oito da manhã que era o do Ataíde e ai aceitei. Fui embora cedo e acompanhei em casa o que estava acontecendo no centro do Rio de Janeiro. O quebra quebra foi pior do que na primeira manifestação, deu pra ver pela a televisão. Fiquei preocupado com os meus colegas do fechamento.

No dia seguinte a manifestação fui trabalhar e perguntei ao Antônio como ficou o ambiente depois de ontem. Ele também era do turno da manhã mas, ficou sabendo de uma injustiça que aconteceu.

- O Paulo foi mandado embora!

- Por que?

- Ontem um grupo entrou na loja e roubaram mercadorias com o Paulo sozinho na porta, o que ele podia fazer? Nada! O cara sozinho.

- Mais ele não passou no rádio?

- Passou mas, ninguém ouviu!

- Estranho.

Paulo foi mandando embora na maneira mais covarde que poderia acontecer na loja. Fiquei sabendo pelo o próprio Paulo que foram mais de dez pessoas que invadiu a loja pela a Ramalho Ortigão e isso de noite e roubaram mercadorias. Disse que passou no rádio e ninguém veio; a justificativa na gerência foi que ele poderia ter impedido o ocorrido mas, como ele ia fazer isso? Acho que eles devem pensar que nós somos dos vingadores ou da liga da justiça. O Falcão tentou impedir por que poderia pegar mal para a empresa. Paulo disse que ia entrar na justiça contra a loja e contra algumas pessoas que não vou citar o nome. Está no seu direito mesmo que dias antes, ele tenha cometido alguns atos de indisciplina como chegar atrasado com frequência tanto que uma vez ele chegou tão atrasado que o Fernando mandou ele voltar pra casa, mas, ele era importante para a nossa equipe. Desde aquele dia, senti que a empresa não estava nem ai para os funcionários tanto que uma terceira manifestação ocorreu poucos meses depois e todas as lojas fechando suas portas mesmo que forçadamente, mas, a nossa nada de fechar e ela já estava nas mãos do novo gerente Bruno.

Manifestantes ocuparam a Rua Uruguaiana, soltaram fogos e bombas e exigiram que as lojas fossem fechadas. A nossa continuou aberta. Lembro que os manifestantes gritavam:

- Fechaaaaaa!!!!! Fecha a lojaaaa!!

E recebíamos ordens para manter as portas abertas e com o risco de invasão e o pior colocando em risco os funcionários. Paulo era um cara sensacional, divertido mas, senti muito a demissão dele. O que aconteceu com ele, poderia acontecer com qualquer um de nós e desde que ele foi embora, a equipe foi só afundando e eu deixei de dar o máximo para a empresa por que todos nós arriscávamos de mais mas, notei que não valia muito a pena se arriscar tanto. Poderia fazer o seu trabalho da mesma maneira mas, dar um durão não vali a pena. Injustiça contra o Paulo e injustiça contra o Ataíde isso são coisas da vida e temos que nos acostumar com isso.

Um texto de Victor Nunes.

Victor Nunes Souza
Enviado por Victor Nunes Souza em 22/03/2019
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