Estação Uruguaiana "Parte 10".

Um dos motivos nos quais me deixava com tanta raiva naquela loja, era a chave do G.V ou Guarda Volume. Cara, eu não entendia o porquê dos A.S fazerem questão de ficarem com a porcaria dessa chave. Virava uma guerra por essa chave, impressionante. Ai você se pergunta: Tu vai no g.v é um inferno, cheio de gente para entrar na loja pra trabalhar ou colocar controle nas mercadorias. O que de legal tem nisso? Na minha humilde opinião, não tem nada de legal! E eu passei meses tentando entender o porquê de eles quererem tanto aquela chave.

Depois de procurar tanto uma resposta, eu tinha convicção de que o g.v estava sendo usado para descanso. É isso mesmo, d.e.s.c.a.n.s.o tinha gente usando ele para poder descansar um pouco e sair fora do combate. Uma maneira ridícula de ficar se aproveitando dos colegas mais novos de trabalho os colocando para fazer o seu serviço.

Muitas vezes, vi esse tipo de prática. Talvez este conto seja o mais revoltante da série, mas, são coisas que aconteciam no dia a dia e tudo que estou contando aqui são baseados em fatos reais, não tem nenhuma ficção. A chave do g.v como disse antes ficava no poder dos A.S. Quando o Fernando estava na loja, era ele o encarregado de ficar com a chave até por que quem dar as ordens era ele e com todo direito, era o nosso chefe mas, ele não passava a vida toda no g.v, quando não tinha ninguém lá era sair e ir nos ajudar como ele sempre fez. No turno da manhã, Guará era responsável pela a chave; ela adotou a postura de que cada um tinha que ficar coma chave o que era correto a se fazer. Era ruim demais ir toda hora no g.v e se você demorasse sempre tinha alguém que pegava o microfone e falava: “ Responsável pelo o g.v compareça ao mesmo”. Essa postura da Guará também é devido a prática que tomamos que era a do Café. Nós combinamos de levarmos pó de café e as tias da limpeza que faziam café, preparam para nós também. Então, fazíamos um rodízio e Guará, Antônio e eu íamos lá no g.v com a chave para tomarmos um café para despertar. Antes disso, tínhamos a ajuda de um outro funcionário que ficava no g.v até as dez da manhã. Tivemos a Mariluce e a Cris ocupando esses postos; ambas ficavam revezando e dando a entrada para os outros funcionários. Era o que a loja deveria fazer colocar alguém pra ficar ali direto e assim o g.v não tinha tanta confusão e podíamos trabalhar sem se preocupar. A questão era que Mariluce e Cris não ficavam ali para sempre, elas tinham um horário pra ficar ali e como disse antes era até às dez da manhã. Por um período, Sadraque estava no horário da manhã e ai não tínhamos problemas nas portas. A equipe de abertura da loja era forte; mas de manhã quase não tínhamos trabalho até por que não tinha muito movimento no centro do Rio de Janeiro. As atenções começavam mais era no horário de almoço, e ai é que tava o problema. Em horários de mais movimentos tinha gente se escondendo no g.v. Sadraque era o segundo do Fernando então, ele tinha que liderar e no meu ponto de vista ele perdeu esse foco e começou mais a focar em dar ordens e ir para o g.v, ele já chegava à loja procurando a chave, mas ai o a.s que vai começar a trabalhar, tem que se preocupar em pegar um rádio e ir para o salão ou para a porta render alguém. O lance é que ele não gostava de ficar nas portas e por ser o segundo do Fernando achava que podia fazer o que quisesse. Sadraque adorava ir na vm8, chegava e ia lá direto. Devia ter alguma porta secreta lá para ele ir tanto lá naquela sala, isso não incomodava não só a mim mas a Guará e o próprio Antônio. Sadraque passou a fazer este tipo de coisa depois que Fernando o colocou no horário da tarde por alguns dias e piorou quando Fernando entrou de férias. A nossa sorte que Fernando não ficou um mês de férias, vendeu alguns dias, mas esses dias pareciam um mês porque desde os primeiros dias do Sadraque no comando foi um inferno e ele mesmo que poderia mostrar trabalho e para uma futura efetivação de cargo que era o que ele queria, queimou a sua imagem. Lembro que uma vez ele chegou muito tarde na loja e quando foi bater o ponto para logo em seguida trabalhar, a Dona Eva mandou ele voltar pra casa e assim ele foi embora muito bravo. Lembro também que a mesma Dona Eva, mandou Sadraque em definitivo para o fechamento da loja e quando Fernando voltou, ele também foi comunicado sobre isso e logo o vice líder ficou no fechamento e nunca mais mudou de horário. O mais interessante nesta história que o Antônio sempre questionava comigo a respeito do comportamento do Sadraque e questionava com razão, o cara tava fazendo coisas erradas na loja e além disso, Antônio sentiu que não estava sendo valorizado na empresa; ele sempre chegou no horário, conseguia fazer o trabalho corretamente e ainda ensinou o Sadraque a abrir as portas e vitrines da loja. No lugar dele também ficaria um pouco chateado mas, continuaria o trabalho que a hora um dia poderia chegar.

Antônio e eu tínhamos um grande laço de amizade. Tinha um respeito muito grande por ele e eu chamava ele de mestre por que me ensinou muita coisa ali além do mais nos divertíamos durante o trabalho mas, percebi que o Antônio que questionava o modo de trabalhar do Sadraque, estava com ciúmes. Ciúmes por que queria fazer o que o Sadraque tava fazendo; pegar a chave do g.v ficar enrolando enquanto a turma fazia o trabalho normalmente. Isso não é coisa que líder faça! Por mais que eu goste do Antônio até hoje, não gostei do comportamento dele. Lembro também que o Sandro questionava quando o Antônio ficava de frente. Tudo por causa da maldita chave do g.v.

E outra, alguns a.s tinham o costume de passar a vez na hora do almoço para poder almoçar perto do horário de ir embora. Guará já fez isso, Antônio também, Sadraque, eu já fiz isso e me arrependi tanto que ao perceber que estava fazendo algo errado parei imediatamente e comecei a questionar e bater em pé quanto a essa tática covarde. Quando você é novo na empresa e ainda tá pegando o jeito com ele funciona ai tudo bem, você por ser mais experiente chama a responsabilidade ao invés de jogar isso nas costas do novato, mas, com a galera já com uma certa bagagem, não precisa você fazer isso. Pra que fazer isso? O seu colega pode ter menos tempo de trabalho que você mas, ele tá fazendo o mesmo que você que é prevenção de perdas. Então, eu questionei muito os meus colegas que tinham mais bagagem do que eu na empresa mas isso não significa que eu era melhor que ele e eles eram melhores do que eu era questão de seguir a ordem, foram os primeiros a chegar, são os primeiros a almoçar e são os primeiros a irem embora. Este lance deve perdurar até os dias de hoje lá na loja mesmo eu não estando mais lá até por que o Antônio continua lá no meio dos novatos. Já o g.v passou por modificações devido as constantes reclamações dos funcionários. O g.v foi modificado e os funcionários e promotores poderiam dar entrada na loja pela a p3 ou a porta da Ramalho Ortigão e assim ninguém mais chegava atrasado. Lembro que uma vez, já Guará na loja de Caxias como chefe de segurança, ficamos Antônio e eu. Por pouco não cometi o mesmo erro de antes de passar a vez do almoço, Fernanda me perceber que eu não precisava ficar e sim que poderia ir e deixar alguém no salão. Realmente ela tinha razão, deixei o Fábio no salão e fui almoçar. Antônio não concordou quando o encontrei no refeitório mas ai disse a ele que todos deveríamos ter a mesma responsabilidade, é o mesmo cargo não há nada de diferente. Sandro também cobrava mais participação dele nas outras tarefas. Ele queria fazer parte deste rodízio, uma coisa que nós também questionávamos era que Antônio e Guará tinham horários certos até entendo que eles sempre chegavam na hora mas, um rodízio em relação a troca de horário indo para o fechamento deveria ser honesto e não só um se ferrando; não estou dando uma de pobre coitado galera, estou contando aqui o que realmente aconteceu naquela loja. Quando a equipe diminuiu, meus horários foram alternando para as oito, dez, meio dia e isso foi me deixando estressado me arrependo de ter perguntando ao Fernando o porque de Guará e Antônio não entrarem no rodízio, já estava achando que os dois estavam acomodados com o horário, Sadraque teve uma vez que tentou puxar um dos dois para o fechamento para se ter um rodízio honesto mas sem sucesso. Caberia ao chefe de segurança ver esse lado de que só um no rodízio, era péssima ideia, mas não sei quais foram as suas razões para isso ou foi uma ação sem pensar.

Um texto de Victor Nunes.

Victor Nunes Souza
Enviado por Victor Nunes Souza em 29/03/2019
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