TECLADO MÁGICO

Patrício ainda era muito jovem. Pouco mais de quatorze anos. Seus olhos e seu rosto marcavam a simplicidade de sua origem. Filho de agricultores era o primeiro ano de estudo na cidade. Seu pai, Seu Faustino, sabia bem que a única riqueza que poderia deixar-lhe era o estudo, e assim não relutou em deixá-lo estudar. Embora as coisas fossem diferentes do coleginho lá de fora, Patrício ia bem nas aulas.

A ansiedade em seu peito, que insistia em não calar tinha o motivo da próxima aula. Era a inauguração do laboratório de informática. Patrício jamais chegara perto dum computador. Ao entrar na sala, ficou meio de lado, com vergonha de fazer algo errado. Não demorou para a professora apresentar-lhe sua mesa de trabalho.

Embora receoso e desconfiado, o medo não lhe era peculiar. Com as mãos trêmulas, dedo por dedo, como catasse o milho pras galinha ia apertando as teclas até formar uma palavra. Encantou-se com o programa de desenhos, como os jogos...

Mas nada lhe deixou tão maravilhado quanto quando a professora explicou-lhe que era a internet. Ela abriu o navegador, e o jovem, filho da roça, e do seu Faustino, tinha as teclas e o mundo a sua disposição.

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 02/10/2007
Código do texto: T677165
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.