Desventuras de Um Técnico - Temporada 2016 - Parte I - Filme de Terror
O meu segundo campeonato gaúcho começou com um insano empate em 3 x 3 contra o Veranópolis onde o Caxias ficou três vezes atrás do placar, mas reagiu bem a cada gol tomado e percebi que havia muita coisa a corrigir, especialmente no sistema defensivo.
Como disse antes, essa campanha no Gauchão foi mesmo um filme de terror. A cada rodada que passava, o fantasma do rebaixamento assombrava cada vez mais.
Demorou seis jogos para conseguir a primeira vitória e quando veio, foi em grande estilo.
No clássico Ca-Ju.
Foi uma das melhores atuações dos meus rapazes nesse campeonato. Um categórico 3 x 0 construído ainda no primeiro tempo e uma atuação primorosa no segundo, embora não mexendo mais no marcador.
Parecia que a má fase iria embora, no entanto, contra o São Paulo de Rio Grande, veio Alípio Brandão e sua tripleta pra trazer o Caxias de volta a crise e a uma posição da zona de rebaixamento.
Veio os primeiros questionamentos da torcida e notei que era hora de reagir. No clássico da Polenta contra o Esportivo, o time fez a melhor goleada do campeonato e nele Werley Vaz marcou seu primeiro gol como profissional.
Foi um orgulho pra mim naquele momento e acreditei que dessa vez iriamos entrar nos trilhos rumo a classificação para as quartas-de-final.
Mas no fatídico jogo contra o São José de Porto Alegre, Reinaldo desperdiçou um pênalti e a partida acabou em 1 x 1.
Aí o caos se instalou de vez.
Foram duas derrotas para Internacional e Passo Fundo e o agônico empate de 2 x 2 contra o Ypiranga até chegar a última rodada contra o União Frederiquense.
Precisava da vitória a qualquer custo e arrisquei jogar com três atacantes acreditando que teria mais poder de fogo.
No entanto, foi um completo desastre.
O time levou dois gols no primeiro tempo e não conseguiu mais reagir.
Veio o fim do jogo e a confirmação da nossa eliminação. O mais triste é que os resultados paralelos nos ajudariam na classificação, mas nós não se ajudamos.
A confusão no Centenário foi formada. Protestos da torcida, quebra-quebra nas proximidades e tentativas de agressão a mim e aos meus jogadores.
Aquilo era demais. Botei a cara pra bater e assumi a responsabilidade por esse retumbante fracasso.
Tentei falar com os torcedores para terem paciência, mas sabia que isso seria uma missão muito complicada.
Pensei em demitir-se, mas o presidente do Caxias me deu um voto de confiança e renovou meu contrato para a Série C, mas senti-me em meu íntimo, mais pressionado do que nunca.
Ainda ouço meu pai dizendo: - Vida de técnico é uma pressão constante, meu filho.
Percebi ali que meu trabalho seria gigantesco.
Era hora de grandes mudanças.
CONTINUA...