Amor à mexicana

Em 1990, após receber uma herança inesperada resolvi tirar

umas férias e torrar a grana que ganhei sem nenhum esforço.

Depois de trabalhar cinco anos na Bolsa de Valores, eu que

não me apegava a nada nem a ninguém, larguei tudo e me mandei ,

meu destino ? Acapulco...

AMOR À MEXICANA

Eu estava em Acapulco já fazia um ano, passava o dia inteiro

no ócio, comendo tacos, burritos, tostadas e todas essa gostosuras

que engordam.

Todos os meus dias eram exatamente iguais, e no cansaço da

tarde pachorrenta ao som de mariachis nostálgicos, eu deixava a minha vida escoar para um grande vazio.

Quando tudo parecia perdido, surge Guadalupe. Menina bonita,

de corpo esguio e grandes olhos pretos parecidos com botões.

A tarde então se encheu de beleza e Acapulco para mim agora,

é só Guadalupe.

Ela passou perto de mim, deixou seu encanto e seu perfume, e

sem usar força nenhuma me deixou suspenso no ar, como se eu estivesse a levitar ou algo que transcede a compreensão.

Pode não parecer verdade, mas naquela tarde, fui ao paraíso e tive junto comigo um anjo.

De repente ela deu um giro mágico, e seus olhos pretos grudaram em mim, eu senti frio em pleno janeiro, tremi feito criança diante do desconhecido, mas sua voz enfim me acalmou, disse alguma palavra que até hoje não lembro, mas também não importa.

Naquela tarde, nossas almas se uniram, em um grande e denso amor. Eu, Guadalupe, margaritas e beijos de jalapenõs deixamos a tarde ir embora.

Agora, passado o tempo, me apego às coisas da vida, tenho um amor, e esse amor é Guadalupe de quem eu jamais me separei e por

esse amor à mexicana, aprendi a gostar de pimenta.

Eduardo Lemos
Enviado por Eduardo Lemos em 21/10/2007
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