Semáforo

No semáforo, aguarda parado o sinal.

Vermelho, atenção desatenta.

Olha pra cá e pra lá num leve mover de olhos. Carros e pessoas num ritmo frenético. Como era sua vida. Constante de movimento. E agora, nulo de agilidade. Movimentação estática de um corpo que não age. Ação, só o sangue a correr em suas artérias. O ato atado sem cinto.

Parado no sinal, aguarda o semáforo.

Amarelo, impaciente paciente.

A pressa, presa numa cadeira, que, com um leve mover de dedos guia seu corpo pra cá e pra lá. Apenas o ar agindo e voando pelos seus pulmões. Indo sem ir, volta sem ida.

Aguarda o semáforo parado no sinal.

Verde. O cinza do asfalto.

E ali, corre em seu pensamento, liberta e solta, a lembrança dos fatos, antes guardada em seu bagageiro cerebral. O carro guiado em aceleração retilínea uniforme. Pela janela, ruas disformes e velozes passavam ao seu lado. De súbito pararam onde começava o muro.

No final da rua, aguardava a ambulância.

Rodrigo Barcellos
Enviado por Rodrigo Barcellos em 20/10/2020
Reeditado em 28/06/2021
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