O nome da porta é música

É certo que todos que respiram -inclui-se os insanos- já tropeçaram num ensejo sombrio pela estrada. No caminho. Por ai...

Pedra que deixa mancha negra na pele e coração. Uma só, que fosse. Não depende da grandeza nem quantia. O que manda é a intensidade da ferida que rasga. É o tamanho da pedra que te lançam. É o poder da palavra que te proferem. É a intensidade que a ferida que te rasga.

Profundidade.

Dessa ferida que repica n'alma; não há o que possa fechar. Não há pedra que consiga voltar. Assim pensam os que ainha não conhecem algo que apresento-lhes agora. Há os que chamam de porta. Há outros que chamam de escolha. Também os que denominam sorte. Eu o chamo de música.

O nome da porta é música.

Música que tapa a ferida e emenda a pele que rasga, o coração que adoece. Costura em doce nó um ponto perfeito na ferida dilacerada. Dissolve o coágulo de dor e de sangue.

Ela está onde nem sonha que estivesse. Uma porta sempre há onde enxerga um peredão intrépide e só.

Em passos lentos numa rua, existe sim, a porta que adocica teu tropeço. Existe a música que nivela os buracos e aplaina os montes.

Se teus passos forem rápidos demais, tuas pernas entrelaçariam-se. A porta tem propriedada para desenrolar e te fazer andar em passos sóbrios. Tímidos. Seguros.

Imagine, agora, uma cena de filme em câmera lenta. Muito lenta...

Imagine!

Assim fará a música ao desenrolar teus embaraços. Lentamente. Muito lentamente.

Eficazmente. Musicalmente. Poeticamente.

E chegarás a apenas uma conclusão:

Há uma porta.

E o nome da porta é música.

Heloisa Rech
Enviado por Heloisa Rech em 25/10/2007
Reeditado em 13/11/2007
Código do texto: T709708
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