Devolva meus pedaços acompanhados de você

Tudo estaria no lugar se aquela passagem acontecesse como todas; Se a coincidência, ou o surpreendente destino, quem sabe, não me guiasse àquele lugar...

Se eu não tivesse lançado meus olhos no profundo dos teus... [a nossa íntima magia]

Talvez, se não nos esbarrásse-mos naquele súbito... - O lugar já nos esperava. Fui em direção ao nosso encontro. Procurei, reparei ao meu redor e cheguei a pensar que tudo pudesse ser minha fantasia manifestada; mas de repente eu o avisto. Acontece uma conversa. E questiona minha presença naquele lugar. Então algo como imã nos aproxima.

Sinto-me tão bem em sua companhia!

Nosso contato foi fantástico. Me abraça, envolve e então, beija. Logo lembrei que essa sempre foi sua tática. Você não precisou falar, a magia que guarda em seus olhos confessou-me o quanto esperava pelo momento - aquele instante - em que nossa alma e corpo uniriam-se numa harmonia intrépide.

E chegou... Chegamos; e chegamos tão perto que no momento em que meus lábios sentiram a leveza dos seus, flutuei contigo junto do nosso doce beijo.

Então, o pior aconteceu. Aos poucos, fomos distanciando-nos. Os pés deram um passo atrás, o corpo se desvencilhou... Minhas mãos ainda acariciavam seus cabelos, mas logo afastei-as para que a dor não sobrevivesse à distância.

De repente, nossos lábios sepultaram a fragilidade do encontro que há segundos tinha-se consumado. Desunimo-nos, e os fragmentos seus que firmaram-se em mim explodiram no ar, exatamente como aconteceu quando meus pedaços que restaram em ti o fizeram - numa dor imensurável - minhas sobras incompletas forçaram-me a nos afastarmos. O imã do lado oposto repeliu-se. Ficamos longe; mais longe, cada vez mais distante até que não se via nem mais vulto, nem enlace, nem encontro. Via-se distanciamento.

Você seguiu o caminho e eu fui embora; imaginando repetidas vezes o dia em que nos tomaremos outra vez, usufruindo-nos de nós mesmos, juntando nosso quebra-cabeças e os fragmentos sendo unidos outra vez... desencadeando aquilo que cravamos no peito, pois essa história é só nossa, não estará escrita em nenhuma livro, mas viverá na nossa lembrança. No mais, não façamos disso uma despedida, e sim, um até breve.

Que esse breve seja logo, muito perto. Caso contrário, viverei incompleta, com meus pedaços em você, desfragmentando-me a cada dia, por lembrar de falta que por instantes foi presença, prazer intenso.

E agora tornou-se apenas lembrança.

Heloisa Rech
Enviado por Heloisa Rech em 13/11/2007
Código do texto: T735524
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