MEU FILHO

“Quem é ele?” – “Meu filho!” – “Quando nasceu?” – “Há alguns anos! Do que me lembro foi mais ou menos assim:”

Certo homem de um país distante caminhava tranqüilo pelo caminho, quando ao longe avistou a figura de um menino loiro, barrigudinho que se aproximava com uma panela.

– Meu senhor me dê alguma coisa, preciso levar pra casa.

– Como você se chama?

– Meu nome é João, minha mãe está muito doente.

Desci do cavalo e resolvi acompanhar o menino até em casa, pois sou médico.

A habitação era velha, o telhado todo gasto, a porta de papelão. Entrei, uma senhora deitada na cama, suava de febre e tossia muito. Depois de uns rápidos exames, diagnostiquei: tuberculose – sem cura.

Os olhos azuis do garoto brilhavam ao vê a mãe daquele jeito. Suas mãos delicadas acariciavam a testa rugosa da senhora. “O que fazer?”

Tirei um remédio da bolsa e receitei na tentativa de aliviar a dor, virei, então para o menino e perguntei:

– Você tem parentes, alguém que possa cuidar de você?

– Não! Sou só no mundo!

Minha alma encheu-se tristeza, lembrei-me da infância no orfanato, da morte de meus pais, do abandono dos parentes.

Ali, naquela casa velha, tornei-me pai pela primeira vez.

Fander Miller
Enviado por Fander Miller em 21/11/2007
Reeditado em 21/11/2007
Código do texto: T746185