Capítulo um: a dor de Fignor

Quando a dor lancinante do cotidiano de um pai separado supera os limites do imaginável, na tentativa de ser o melhor pai ausente possível, os sabores da vida só podem ser resgatados pelos saberes adquiridos nas areias do tempo. Assim foi com Fignor Justienovicth.

Sua relação com a mãe de seu filho era a mais amigável, sabia que não deveria travar embate com uma ex, caso não quisesse viver um inferno na terra.

Poderia ser um relaxado, daqueles que só lembram de pagar a pensão quando a polícia bate a porta, poderia, mas impelido pelo bom senso fazia questão de participar da vida de seu rebento, e contrário aos exemplos comuns, projetava seus sentimentos paternos condizentes com a educação familiar necessária a formação normal de uma criança.

Em resumo, fazia um bom trabalho, mas fracasso era o sentimento intrapessoal primordial, tendo em vista que todos os adultos possuem uma criança interna ferida necessitando de tratamento psicológico. E aceitar isso era em suma, aceitar o fracasso quase como culpa por não ser um bom pai. Media assim se estava sendo o que o filho necessitava, e nessa angústia rodava em sua tela mental, filmes de diversidades mil dos motivos pelos quais seria elencado pela platéia imaginária não ser o pai do ano.