AS CURVAS PERFEITAS DA MODELO MANEQUIM

Como pode haver tanta beleza na silhueta da modelo? Suas dunas, suas curvas.

O transeunte obcecado pela fantasia que povoa a sua mente, não mais do que mais de repente, repete o relance do seu inconsciente, que de forma alucinante, transporta-o para as mais diferentes áreas do seu aparente aparelho pensante.

Por um instante, aquele ser inanimado, objeto revestido de peças ínfimas, toma vida e sem a mínima decência, ingressa nos subterrâneos das infinitésimas memórias do pacato homem que se deixa alucinar pelos clarões que estampam os passos daquela insinuante.

Doravante, em estado de dormência, os corredores da cabeça do ser insensato, seriam por onde desfilaria quase desnuda, aquela que, por ora, fora eleita o seu objeto de prazer, o seu brinquedo preferido.

Enquanto isso, a boneca a qual tantas gostariam de sê-la, por não possuir irrepreensíveis imperfeições, goza de um sorriso farto, por se perceber o quanto é amada e odiada por tantos, e por outras tantas.

A “Geni” que se hospeda no pensamento do incauto é a mesma que se alimenta nas paredes das mulheres que a tem como modelo de suas passarelas mentais?

Quem seria ao certo escravo de quem?

O dono do quinhão, poderia se achar dono do querer da moça esbelta, e assim todos os seus mais sujos desejos deveriam lhe ser servidos, pois seus secretos anseios não poderiam manchar os seios e nem o carmim da boca daquela viciada, afinal para que serve a servil?

E para quem se serve, a serva está ali pra quê?, como diria o poeta: “Teria ela algum asco ao se servir ao seu carrasco? Isso é segredo dela”.

Quais são as águas que correm em suas veias e que fazem bater de verdade o seu peito manchado por tantas mãos?

Seus lábios podem estar úmidos quando recebem a presença daquele que a sustenta, mas por acaso seu grito é de prazer ou de dor?

Dormente, é o estado de consciência infantil daqueles que se nutrem parasitalmente um do outro. Porém, a dor não mente quando se quer se perceber o caminho que vai ao encontro do coração.

(TEXTO BASEADO NA MÚSICA DE CHICO BUARQUE) A GENI.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

30/07/22