Manhã de domingo...

É doce sentar-se ao sol, num belo começo de dia, e ficar olhando o mato que o outono amarelou! Saborear um chope gelado, enquanto me recordo das pessoas amadas que estão lá no meu querido Brasil. As mesas do restaurante do mercado brasileiro estão vazias e a saudade brinca docemente comigo, enquanto ouço o carvão estourar na churrasqueira ao meu lado, esperando pela carne cheirosa que vai preparar.

Daqui á pouco isto aqui vai estar cheio de gente e muitos amigos de trabalho e de copo se encontrarão. Inúmeras brincadeiras e muita bobagem serão feitas, tentando aproveitar ao máximo esta manhã de domingo no Japão.

O primeiro a chegar foi o Miguel, como sempre pedalando a sua bicicleta velha e segurando a inseparável lata de cerveja.

- E ai Carlos, como é que ta?

- To bem cara, tava aqui pensando na vida e esperando o pessoal chegar.

- Faz tempo que você ta ai?

- Cheguei agorinha, to tomando o primeiro choops.

- Eu já perdi a conta, ele falou me mostrando á lata que segurava. Comecei logo cedo pra quebrar a ressaca de ontem.

- Tomou todas?

- Como sempre, ele disse e ao mesmo tempo soltou uma sonora gargalhada.

Começamos a jogar conversa fora...

- Olha só que rabo!

- Troco pela minha velha e ainda dou as crianças de brinde...rsssssssssssssssssssssssss

...e a falar do cotidiano da semana que passamos, enquanto as pessoas entravam e saiam do mercado brasileiro. Logo a mesa estava com as cadeiras todas ocupada e alguns amigos tomavam seus choops de pé mesmo em volta dela, enquanto a conversa corria alegre e descontraída.

Uns se iam e outros chegavam, as horas iam passando e eu nem percebia. Quando sai dali já passava das duas da tarde e eu tinha tomado todas. Levava um frango assado recheado com farofa, numa sacola de plástico, pra ter uma desculpa da demora. Eu disse pra minha velha, antes de sair de casa, que ia buscar algo pra mistura e já voltava. Agora podia dizer á ela que tinha fila pra pegar o frango e por isso demorei.

CARLOS CUNHA o Poeta sem limites
Enviado por CARLOS CUNHA o Poeta sem limites em 12/12/2007
Código do texto: T775512
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