Amor Ágape - BVIW

Tema: Mão solitária

 

Clarinha por fora não era atraente, muito magra, sem peito e sem ancas. Mas seus olhos eram amendoados e mostravam um pouco do que era por dentro. E por dentro era linda! Dona de uma personalidade forte, mas empática. Cheia de moral, correta, confiável. Clarinha é o tipo de pessoa que se quer ter por perto. Susana, sua amiga, fez uma promessa que se conseguisse o emprego que estava pleiteando iria ao asilo Nossa Senhora de Fátima trabalhar na confecção de fraldas para os idosos, por um mês. Contou à Clarinha, que se interessou pelo trabalho voluntário. Foi com a amiga, porque tinha folga nas quartas-feiras. Na sala de costura do asilo, Clarinha encontrou várias mulheres. Todas tinham o mesmo objetivo: trabalhar anonimamente para fazer bem à alguém que desconhecia. A maior caridade que há, o amor ágape! Muitas mãos cortando, costurando, selando, dobrando e acondicionando fraldas higiênicas. Elas faziam o trabalho cantando, como fazem as nordestinas rendeiras. Clarinha pensou: “um amor de mão única, pois amo a águem que nem sei quem é e que não pode me devolver esse amor…” Continuou matutando consigo: “que ideia míope essa! O amor que devotamos à alguém, seja gente ou bicho, sempre volta pra gente de algum modo. O amor encontra a gente, mesmo que a gente não o esteja procurando. O amor é uma estrada de mão dupla!” Decidiu que abraçaria esse voluntariado. Decidiu amar no serviço, no anonimato. Decidiu doar suas mãos, seu tempo, sua energia. Muito melhor do que viver na solidão, como um tigre asiático.

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 17/04/2024
Código do texto: T8043702
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.