MINHAS MUITAS PRISÕES

Numa temporada fora de circulação, internado numa Casa de Caridade ficou registrado alguns diálogos entre os internos, visitantes e profissionais da entidade.

Mas um desses diálogos ficou marcado; enquanto alguns internos conversavam e tentavam prever o fim das suas estadas naquele lugar, diziam não agüentar mais aquela prisão. Agora acaba de chegar mais um novo vizinho, era o “Broca” um homem que estava sob custódia policial, não demorou muito para participar da conversa, porém com ele o tom era outro, vindo da cadeia da cidade para um hospital, parecia um alívio e acredite; preferiria ficar doente até o fim de sua condenação por assalto: pense__ quatro refeições diária, direito à visita, bando de sol sem hora marcada...Isso é que é vida. Nesse momento, a prisão dos internos do hospital, era a “liberdade” do Broca. Mas tarde, chegou o “Fontana”, um acompanhante que passaria a noite com um dos internos, já querido por todos, logo foi chamado à conversa, e entendendo a aflição daqueles homens, tentou levar um pouco de consolo, mas hoje o Fontana não estava bem o logo disse: “sinto muito em lhes dizer, mas lá fora não está tão bom assim e temos tantas prisões, que está aqui, é quase um descanso”. Eles não sabiam, mas o nosso herói está preso a um “vicio” e estava naquele momento, entre a liberdade e a entrega total ao vício, o que parecia inevitável, pois sua prisão já durara mais de dois anos e pelo jeito parecia uma “prisão Perpétua”. Hora desejava fugir, por causa da proibição do fato e hora desejava se render por completo, pois já não conseguia viver sua própria vida. Quem poderia imaginar; homem forte, saudável, serio, mas refém das suas prisões em “liberdade” fictícia. Preso nas ruas “abertas”.

Silva Silvio
Enviado por Silva Silvio em 06/12/2005
Reeditado em 17/05/2006
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