FOSSA

Matias acordava de um sono profundo, era um novo dia e sua vida seria a mesma de ontem, de antes de ontem, nada mudava. Sua rotina era a mesma, de manhã: café, trabalho, ao meio-dia: almoço em algum shopping, tarde: trabalho, noite: horas frente à TV ou lendo notícias na internet. Aos fins de semana namorava.

Já estava monótona a sua vida. Matias um rapaz de 30 anos, sem filhos, com espírito aventureiro, empregado numa firma em que a maior parte do tempo trabalhava em uma sala. Pelo menos a vista da janela era boa.

Antes de dormir imaginava tantas possibilidades sobre si, sua vida, futuro que ria de si mesmo ao pensar que mais tarde morreria de com câncer no cérebro de tamanha imaginação que este continha.

Seu gosto pela noite era incomum. Quando só, o silêncio e seus pensamentos o bastavam, em grupo era algum bar, boteco, festa.

Mas nessa rotina que adotara para si, nada era melhor que sua imaginação e seus sonhos. Matias sonhava todas as noites, sentia-me mais vivo dormindo que acordado. Em um sonho reunia diferentes emoções que na vida real não tinha há meses. E a vida seguia.... .

Até que um dia sonhara com sua mãe, já falecida, segurando um rolo de pão entre mãos, com farinha no avental, gritando-lhe:

- Levanta dessa cama guri, se continuar assim, não vai tocar nunca essa vida pra frente.

Acordou num susto às 3 da manha, lembrou na hora das palavras de seu pai “para um bom entendedor meias palavras bastam”. Foi até a cozinha, serviu um suco de uva, sentou-se sobre a mesa e chorou. Sua mãe tinha razão, ele ainda estava dormindo, trabalhava para se sustentar, namorava uma menina que não sabia se um dia casaria e ainda por cima não fazia o que gostava, não correrá atrás de seus sonhos e nem tentara sequer sair da sua cidadezinha.

Quando amanheceu, logo foi ao trabalho pediu demissão, passou no banco transferiu todo dinheiro da poupança para conta, foi até a namorada e pediu um tempo indeterminado. Alegava que precisava ficar sozinho e pensar.

Chegou em casa, arrumou as malas, dirigiu até a capital, deixou o carro num amigo e foi para o aeroporto.

Sentou-se num banco confortável e pensou “e agora para onde eu vou?”. Dormiu.

Acordou-se, estava na sua cama, tinha sido só mais um sonho...

Levantou-se, seguiu a sua rotina.