A Inocência

Anita, jovem bonita, boa e agradável que cursava o ensino médio. Levantava as 05h30min da madrugada para chegar à escola 07h00min, isso todos os dias de segunda a sexta-feira. Morava na periferia da cidade grande, mas o seu sonho era ser juíza. Era uma menina meiga, dócil e recatada, sempre na dela. Ela não era vista na rua brincando, ou até mesmo de namoricos com os meninos de sua idade. Os seus pais vieram do nordeste para alcançar uma vida melhor, cada um trabalhava em serviços diferentes, mal dava para manter a família.

Com tudo isso a família de Anita era bem vista na vizinhança, pois todos diziam que era um grande exemplo de família. Depois que Anita chegava da escola ia cuidar da casa e de seus dois irmãos. Era como se fosse uma dona de casa por muitos anos. Mas mal sabia que ela estava aprendendo duramente as lições da vida.

Todos os que a viam não percebiam a tristeza que ela enfrentava diariamente, ou distúrbios que a acompanhavam. Dentro de casa, Anita revelava quem realmente era, porque estava cansada e desiludida da vida.

Passados alguns dias Anita não voltou da escola. Os vizinhos dela ligaram para seus pais e disseram que os meninos estavam na rua sem almoço, banho e sem roupas. Logo, a mãe de Anita sai desesperadamente do trabalho e vai cuidar dos filhos, e ir à busca da filha. As horas iam passando e nada de Anita, seus pais começaram a se preocupar de tal forma que informaram a polícia. Ficaram naquele sofrimento por vários dias, pois os colegas de sala de aula nada sabiam, os professores e a direção da escola não tinham a idéia de onde Anita se encontrava.

Passaram dias, semanas e agora dois meses do desaparecimento de Anita. A família já não tinha mais esperança, a mãe perdera o emprego por causa dos filhos menores. O pai enfrentava problemas de saúde, estavam perdendo a casa para o banco. Esta família estava vivendo o verdadeiro inferno depois do sumiço de Anita. As autoridades nada tinham a falar, pois não havia nenhuma pista do desaparecimento.

Certo dia Gustavo, vizinho de Anita e amigo, saiu em direção a capital do país para trabalho. Começou a trabalhar e fazer amigos. Anita nunca saíra da cabeça de Gustavo, pois ele a amava e havia prometido que um dia iam se casar. Mas o pobre Gustavo não sabia o fim que daria esse romance que nem mesmo começara.

Na noite seguinte, feriado, os amigos de Gustavo chamaram no para sair e disseram que era uma festinha muito especial. Era um lugar bem afastado da cidade e muito falado entre os colegas de seu trabalho. Entraram em um ambiente muito escuro e bem perfumado, pois subia um frio na espinha de Gustavo e o deixava de boca seca. As bebidas eram servidas pelos próprios amigos dele e a droga também era servida numa mesa, essa era somente para quem era usuário, ou para aquele que desejasse experimentar.

Uns dos seus amigos anunciaram o grande momento do show. Gustavo gelou por inteiro sem saber como seria, porem, os amigos dele haviam pagado para ser um show completo. Colocaram em sua mão um preservativo e deram uma dose de bebida forte para que ele relaxasse. O jovem disse aqui está a grande Musa dos seus sonhos e estará realizando o maior de seus sonhos.

Aquela mulher entra em cena, muito bonita, corpo bem formando e começou a sua dança que chamava atenção de qualquer platéia despercebida. Usava um pequeno vestido vermelho e sua máscara era de uma fera indomável, pois seus movimentos eram sensuais e indiscretos. Naquele lugar escuro ninguém via ninguém e começou a colocar a mão nos rapazes que estavam com ele.

Chegando à vez dele. Tremia muito e sentia muito calafrio, pois estava muito nervoso pela sensação que sentira, não sabia se era bom ou ruim. Aquela mulher foi chegando o rosto dela bem no dele, percebeu que era uma jovem, mas não uma mulher madura como se aparentava.

De repente aquela jovem fez um movimento bem brusco e a sua máscara de uma fera indomável caiu, olhando bem nos olhos de Gustavo. Naquele instante Gustavo levantou e viu quem realmente era a jovem indomável, era Anita a jovem que amava tanto. Pois ela não percebera que era Gustavo. Naquele instante Gustavo grita bem alto o nome de Anita e ela assusta e reconhece a voz e sai de perto, mas ele aproxima dela e vê a situação que se encontrava. Ela começa a chorar compulsivamente e fica descontrolada com aquela situação. Os amigos de Gustavo não estavam entendendo nada e não fizeram nenhum tipo de pergunta e comentário.

A reação de Gustavo foi terrível, pois vieram à mente todos os momentos vividos com Anita, também não parava de imaginar o sofrimento dos pais ao saber onde Anita se encontrava. Ele a junta pelo braço e começa exigir explicações que ela mesma não possuía. Ela só disse que foi trazida por uma equipe de traficantes de prostitutas para a capital do país, porque ganharia muito dinheiro e poderia ajudar seus pais. A dor de Gustavo era muito grande ao ouvir toda aquela trama, parecia um sonho e não uma realidade. Gustavo ouve atentamente o episódio de como foi levada. Ela estava na porta do Colégio esperando algumas amigas e ali conheceu um homem que prometera muito dinheiro e conforto se ela abandonasse tudo e o seguisse. Como estava desapontada com a vida, então, ela segue este homem e desde esse momento se torna uma prostituta profissional.

Gustavo sai apressadamente daquele lugar desapontado com o que contemplara e pega o telefone, liga para os pais de Anita. Conta tudo o que acontecera. Os pais de Anita sabiam que ela estava viva, porem, morta em sua inocência.

Passaram cinco anos depois desde episódio. Anita retorna a sua casa para ver os pais, mas quando chega simplesmente encontra tudo derrubado. Seu pai havia falecido e sua mãe perdera tudo e agora estava morando com seus parentes. No meio de tanta dor e sofrimento, Anita possuía casa, carro e dinheiro, mas perdera sua família e amigos, porque não soube valorizar o verdadeiro sentido na vida. A ganância falou mais alto naquele coração e pagou um alto preço e o que restou para ela foi à lembrança de sua infância e sua adolescência que jamais as tinham novamente.

Valmir Silva
Enviado por Valmir Silva em 21/03/2008
Reeditado em 21/03/2008
Código do texto: T910046
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